sábado, 23 de agosto de 2008

Famílias Felizes se Parecem

Pedro Almodóvar, um dos meus cineastas favoritos, vive dizendo que a melhor forma de se aprender a fazer cinema é pegar uma câmera e fazer cinema. Segundo Almodóvar, cinema é, essencialmente, arte, e arte, ainda segundo ele, não pode ser ensinada academicamente. Como quase todo amante de cinema, sempre tive a petulância de me imaginar dirigindo filmes, escolhendo os melhores ângulos, em determinadas vezes esbravejando com os atores, em outras rindo de um erro de gravação. Voltando ao ensinamento do cinema, acredito que seja uma experiência e tanto, mais do ponto de vista técnico do que artístico. Concordo com Almodóvar, cinema de verdade se aprende vendo filmes, experimentando suas idéias, fazendo filmes. Desde que o meu amigo Raulino (ator e diretor de teatro consagrado), vendo meu interesse pelo cinema, me perguntou certa feita - “Porque tu não faz um curta?” – fiquei com esta pulga trás da orelha. E se ele estivesse certo? E se eu tivesse a oportunidade de, mesmo sem estudo técnico, baseado somente em minhas experiências como espectador, escrever uma história que me dissesse algo e, posteriormente, transformar isto em filme? Com a tal pulga me incomodando alguns dias, resolvi me aventurar.
Conversei então com o Rafa e o convidei a co-escrever o roteiro comigo, afinal além de ser meu irmão, portanto pessoa da mais alta confiança, o Rafael é um alguém de palavras e idéias privilegiadas. Como queria fazer algo sem o egocentrismo de achar que eu daria conta do recado sozinho da primeira vez, resolvi convidar o meu grande amigo Conrado para co-dirigir o filme comigo, afinal, além de ser amigo, o Conrado entende muito de cinema e seu olhar ao mesmo tempo específico e abrangente é, definitivamente, algo que eu precisava neste projeto. Do começo capenga da escrita, das muitas mudanças e discussões a respeito do título, chegamos à um consenso e, de roteiro pronto (primeira versão ainda), resolvemos montar o projeto. Contamos com a ajuda de inúmeras pessoas e, no último dia do prazo para o FundoproCultura o disponibilizamos para apreciação. Ah, agora que me dei conta, não tinha falado ainda do dinheiro. Cinema é uma arte cara. Resolvemos então, como forma de financiamento, entrar com o projeto num tipo de concurso municipal que escolhe um número X de projetos, nas mais diversas áreas culturais, para que eles sejam financiados integralmente, desde que se comprometam à dar um retorno cultural ao município. Pois bem, o resultado desta triagem saiu na semana passada, mais precisamente quinta-feira. Nós fomos aprovados, incrivelmente fomos aprovados, tendo sido nosso roteiro elogiado por todos os analisadores (eram três). Nem consigo acreditar ainda. Nós vamos fazer um filme, um curta-metragem de verdade e eu estou mais empolgado do que nunca. Confesso que o medo de fazer tudo errado já me cercou algumas vezes, mas a certeza de que trabalharei entre amigos, com pessoas que me deixam à vontade para ser quem eu sou e expressar o que eu penso, me deixa confortável. Espero que seja este o primeiro de muitos, que uma nova fase esteja se desnudando frente a mim e a pessoas tão queridas. Aguardem, “Famílias Felizes se Parecem” em 2009.

Famílias Felizes se Parecem

Direção:
Conrado Heoli
Marcelo Müller

Roteiro:
Rafa Müller
Marcelo Müller

Elenco:
Elaine Braghirolli
Raulino Prezzi

Comunidade do curta no orkut. Participe!

2 comentários:

  1. Olá, Celo!!
    Que bom começar uma nova fase em nosso blog, com quem sabe, uma nova fase em nossas vidas. O que parecia utópico, fora de nosso alcance está acontecendo. Fomos contemplados, algo que nem tínhamos como objetivo final, tendo em vista o apontamento de possíveis falhas do projeto para a apreciação em 2009 novamente. Pois é, deu certo já neste ano. Agora é trabalhar forte, meus queridos amigos, Kon e Celo.

    Abraçosssss

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