Dois homens esperam. Esperam Godot estes tais Vladimir e Estragon, ligados há anos por um destino ou uma trajetória, se assim o quiserem, que não acha “explicação” ou mesmo linha reta para o racionalismo. Godot, não se sabe quem é, apenas temos ciência que é o objeto da espera. Dos dois pacientes, Vladimir é o que mais divaga, o que lembra da expectativa e que tem consciência da passagem do tempo e dos rastros da memória, enquanto Estragon é marcado pela objetividade, por uma espécie de pragmatismo que o torna mais alheio ao que acontece. Os dois homens de chapéu-coco aguardam numa estrada, num cenário que tem por única referência a árvore, e seus galhos convidativos ao suicídio. É melhor acabar com a agonia ou continuar esperando Godot?
Esperando Godot, a mais célebre obra teatral de Samuel Beckett, um dos fundadores do teatro do absurdo, fortemente influenciado por Kafka, é uma peça sobre a espera, sobre os momentos em que transitamos de um estado para outro. O texto é de uma riqueza hipnotizante, e imagino que vertido ao palco deva ficar deslumbrante (claro, dependendo do elenco e direção proposta).
Há como tentar entender, racionalizar quem seria Godot, o que realmente prende Vladmir a Estragon, e vice-versa, ou o que eles esperam deste homem (?). Pode-se ainda tentar colocar em termos mais palatáveis, enquadrando em campos metafóricos, a relação entre Pozzo e Lucky (outros personagens que transitam pela mesma estrada), e as transformações que sofrem de um ato para o outro. Não me parece, porém, o mais sensato apegar-se a estas tentativas, quando a magnitude do texto e das situações, por mais absurdas que possam parecer, bastam-se por si. Claro que há espaço para a razão em meio a este texto tão enigmático, mas o que me arrebatou em Esperando Godot foi a sensação de perpassar as perguntas mais essenciais do ser humano, sem nunca necessitar formulá-las ou mesmo respondê-las. Parece que está tudo lá, envolto numa aura de mistério que jamais deveria revelar certas coisas, pelo bem dos segredos que ainda fazem da vida algo imprevisivelmente sublime.
Há como tentar entender, racionalizar quem seria Godot, o que realmente prende Vladmir a Estragon, e vice-versa, ou o que eles esperam deste homem (?). Pode-se ainda tentar colocar em termos mais palatáveis, enquadrando em campos metafóricos, a relação entre Pozzo e Lucky (outros personagens que transitam pela mesma estrada), e as transformações que sofrem de um ato para o outro. Não me parece, porém, o mais sensato apegar-se a estas tentativas, quando a magnitude do texto e das situações, por mais absurdas que possam parecer, bastam-se por si. Claro que há espaço para a razão em meio a este texto tão enigmático, mas o que me arrebatou em Esperando Godot foi a sensação de perpassar as perguntas mais essenciais do ser humano, sem nunca necessitar formulá-las ou mesmo respondê-las. Parece que está tudo lá, envolto numa aura de mistério que jamais deveria revelar certas coisas, pelo bem dos segredos que ainda fazem da vida algo imprevisivelmente sublime.
Olá, Celo!
ResponderExcluirEstava inspirado, hein?
Abraçosssss