Já dá para desconfiar da verdade
em Oblivion quando sabemos que o
protagonista, Jack Harper, teve suas memórias apagadas antes mesmo de iniciar missão
numa Terra assolada. Por que seria necessário tornar inacessíveis esses dados
pretéritos? Apenas para fazer do protagonista alguém mais competente ou no
intuito de ocultar a verdade servidora apenas de um senhor? Por si, tal dado
confere previsibilidade à trama, mas, calma, virão outros de função semelhante.
Apesar disso, é bom enxergar a realização de Joseph Kosinski sustentada não na
surpresa ou no impacto das revelações, e sim na junção minuciosa de tecnologia
(efeitos visuais, principalmente) e artesania criativa. Esta, inclusive, dará
conta de aglutinar ideias já utilizadas por outros sci-fis, sem que as mesmas soem (ao menos não em demasia) meramente
requentadas.
Após o planeta ser devastado em
guerra nuclear contra alienígenas alcunhados “saqueadores”, Jack (Tom Cruise)
vive seus dias correntes em 2077 entre a observação e eventuais reparos dos robôs
que patrulham as máquinas responsáveis por fornecer energia à humanidade habitante
numa das luas de Saturno. Ele tem a companhia da oficial de comunicação Victoria
(Andrea Riseborough), com quem mantém caso amoroso. A luta diária contra o
inimigo é assombrada por fragmentos de memória, mais especificamente o rosto de
uma mulher (Olga Kurylenko) e o Empire
State Building. Não precisamos de muita bagagem cinematográfica para ligar
as lembranças misteriosas da figura central com algo que pode mudar a
trajetória do enredo.
Difícil seguir esmiuçando a trama
sem ao menos arranhar a experiência de quem ainda não viu, por isso paro aqui,
atendo-me aos já citados elementos que Oblivion
reaproveita a seu bel prazer. Examinando rapidamente, no longa se vê
pitadas de O Vingador do Futuro, Matrix, Lunar e até de 2001 – Uma
Odisséia no Espaço. Há privilégio do caráter escapista e pouco acréscimo ao
filão, verdade seja dita. Feitas as ressalvas, porém, é bom lembrar que ao
cinema também compete entreter, e nesse tocante o filme é bastante feliz, pois
repleto de boas cenas de ação, uma história de amor bem ao gosto hollywoodiano
(sacrifícios, perdas, inevitabilidades), belo desenho de produção e inspirada
construção sonora.
Com boa vontade, Oblivion pode ser categorizado “entretenimento
acima da média”. Decepcionará, no entanto, caso sobre ele recaiam expectativas
mais exigentes. Fãs sensíveis às convenções do gênero poderão aferrar-se em
demasia à deficiência de ideias vanguardistas, perdendo, assim, a possibilidade
de aproveitar o filme por outros vieses. Como ainda inexiste pecado em
emocionar-se e curtir uma obra da qual não necessariamente se saia arrebatado
(graças, afinal somos humanos), credito a Oblivion
o mérito de oferecer prazer enquanto dura. Contudo, é bom dizer, esperar ele sobreviver
para além da sessão pode ser caminho sem volta rumo à frustração.
Publicado originalmente no Papo de Cinema
Fiquei frustrado após ver o filme, em "miúdos" a essência contida no ótimo Lunar está presente, sendo que este filme já suprime do o contexto das contrapartes genéticas, trabalho escravo, sentimento em loop, etc
ResponderExcluirTem razão, Adriano, se formos trocar o filme em miúdos, é uma espécie de pastiche sci-fi até bem pouco disfarçado.
ResponderExcluirMas até que me diverti com o filme.
Abraços e obrigado pela leitura.
Celito!
ResponderExcluirO tipo de filme banca, mas não indispensável.
Grande abraço.
É, Rafa, dá para jogar lá pro fim da fila...hehe
ResponderExcluirAbraços