O LOBO ATRÁS DA PORTA não é um
filme comum. Por comum, entendo os que não duram muito na memória. A história
passada no subúrbio carioca é feita de amor, sexo, traição, mas principalmente
de violência. Tudo se esclarece brutalmente no depoimento da personagem de
Leandra Leal, aquele que desdiz os relatos anteriores, responsáveis por criar
pequenos flashbacks falsos. A imagem carrega
a paixão que transita entre esses personagens tomados de súbito por
acontecimentos aleatórios de desdobramentos trágicos. Ninguém é ingênuo no
filme de Fernando Coimbra, diretor que mostra muita habilidade na condução da
narrativa em que as pequenas fraturas se tornam, gradativamente, grandes rombos
emocionais. Os estilhaços atingem a todos.
SOB A PELE começa meio cambaleante.
A reiteração não ajuda, pois vemos muitas vezes, sem variação, a extraterrestre
usando sua beleza para atrair homens a um lugar que os desintegra. O clima de
suspense se deve à música, tão e somente. Contudo, assim que a protagonista
decide experimentar os atributos da humanidade, o filme ganha um fôlego
completamente novo. A partir dali, a atmosfera se adensa e Johansson pode se
ver livre da cara de paisagem, pois então há visível agonia em seu semblante. A
imagem do filme também ganha força, agora sim passando a se integrar com a
trilha. A crise existencial acontece em meio ao silêncio da protagonista, sem
histrionismo. No final das contas, SOB A PELE é um filme muito bom.
Talvez GUARDIÕES DA GALÁXIA seja
mesmo o filme mais legal da Marvel. Bem diferente dos últimos longas do
estúdio, que parecem só peças de um quebra-cabeça chamado Os Vingadores, aqui há vida própria, mesmo que o enredo também se
encaixe no projeto maior. Ótima história, personagens cativantes, bom-humor e a
excelente trilha sonora, fazem de GUARDIÕES DA GALÁXIA uma produção
surpreendente. A ação e os efeitos estão a serviço da trama, são necessárias, não
um mero enfeite. Grande parte dos méritos é mesmo do diretor James Gunn, pois
ele consegue o improvável: imprimir personalidade no produto de um estúdio que,
embora esteja fazendo muito bem a lição de casa, às vezes preocupa-se demasiado
com a unidade de suas realizações, tendo como efeito colateral uma
homogeneidade nociva.
Obrigado por mais algumas dicas, guri.
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