Exibido no último Festival de
Tiradentes, e recém selecionado para a Semana dos Realizadores do Festival de
Cannes, Os Mortos-Vivos é
curta-metragem que flerta com o sobrenatural, o fantástico. Começa narrando a
história de um homem que perdeu sua paixão, quando junto dela tomava banho.
Nada de extraordinário, apenas acidente caseiro que infelizmente pode abater
qualquer um. Sucedem-se histórias de
amores fugazes. Pessoas somem, outras ficam a remoer os envolvimentos efêmeros de
rastros desproporcionais.
Ainda que Os Mortos-Vivos possua belos enquadramentos, seja inteligente no
trato do som, se insira corajosamente na
difícil tradição da abordagem fantástica, e guarde frescor pela observação de
certos aspectos característicos da mocidade contemporânea, não há porque fechar
os olhos às suas capitais inconstâncias. E a principal delas diz respeito
justamente à utilização meio fútil do inexplicável, elemento que adorna o plano
narrativo, mas não o define.
No fim, entre mortos e feridos,
sobram a inércia dos que perderam o (grande?) amor, presos numa espécie de
vácuo sentimental próprio dessa geração de carentes incorrigíveis, e a sensação
de que Os Mortos-Vivos foi realizado
por gente talentosa, porém carente da maturidade necessária aos que brincam com
fogo e não se chamuscam.
Publicado originalmente no Papo de Cinema
Olá, Celo!
ResponderExcluirMuito bom.
Abraçosss