A bagagem cinéfila de Martin
Scorsese é tão notória quanto seu talento atrás das câmeras. Qualquer
entrevista por ele concedida, desde que enveredada pela seara das influências, evidencia
um conhecimento cinematográfico impressionante, alimentado desde muito cedo
pelas idas ao cinema no bairro ítalo-americano onde cresceu entre clássicos
americanos e filmes estrangeiros, estes de apreciação tão rara nos EUA. Experiências
prática e teórica, assim somadas, dão a Scorsese um lugar cativo entre os
maiores pensadores vivos do meio criado com intenções comerciais pelos irmãos
Lumiere e tornado arte mais adiante. A atuação de Scorsese no campo da reflexão
já rendeu de documentários a livros, e são justamente duas edições impressas
que destaco aqui: uma cujo tema é o cinema americano e a outra sobre a própria
carreira do diretor de Touro Indomável,
Taxi Driver, entre outros.
UMA VIAGEM
PESSOAL PELO CINEMA AMERICANO (Martin Scorsese, Michael
Henry Wilson – Ed. Cosac Naify, 2010)
Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano é adaptação do
documentário homônimo, encomendado pela televisão inglesa no meio da década de 1990
para integrar uma programação especial alusiva aos 100 anos do cinema. Martin
Scorsese foi, então, convidado a interpretar o cinema de sua terra, com a ajuda
do colaborador Michel Henry Wilson.
O livro é feito dos comentários de Scorsese sobre filmes seminais estadunidenses, indo desde clássicos incontestes até obras mais obscuras. Repleto de apontamentos, diálogos retirados dos roteiros e imagens (e a edição brasileira é caprichada), Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano é um excelente guia de descobertas e/ou de estudo aos interessados pelo cinema clássico americano, sobretudo o da Era dos grandes estúdios, além de veículo pelo qual podemos identificar uma que outra homenagem prestada por Scorsese em suas criações aos filmes que lhe são importantes.
O livro é feito dos comentários de Scorsese sobre filmes seminais estadunidenses, indo desde clássicos incontestes até obras mais obscuras. Repleto de apontamentos, diálogos retirados dos roteiros e imagens (e a edição brasileira é caprichada), Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano é um excelente guia de descobertas e/ou de estudo aos interessados pelo cinema clássico americano, sobretudo o da Era dos grandes estúdios, além de veículo pelo qual podemos identificar uma que outra homenagem prestada por Scorsese em suas criações aos filmes que lhe são importantes.
CONVERSAS COM SCORSESE (Richard Schickel - Ed. Cosac Naify, 2011)
Já Conversas Com Scorsese é uma coletânea de entrevistas concedidas
pelo artista ao amigo Richard Schickel, de bate-papos que atravessaram os anos
acompanhando a feitura e o lançamento dos longas documentais e ficcionais de
Scorsese, assim oferecendo painel rico de auto-análise profissional e criativa desse
que é dos mais importantes cineastas da história.
Cronologicamente, de filme em filme, somos guiados do início na Escola de Cinema da Universidade de Nova Iorque e as primeiras realizações, passamos pela efervescência renovadora da chamada Nova Hollywood, e chegamos até quase os dias atuais e a nova configuração dos meios de financiamento e produção. Scorsese demonstra clareza impressionante sobre sua própria obra, ainda que, como qualquer criador, tenda a vê-la com muito menos condescendência e/ou admiração do que o público.
Cronologicamente, de filme em filme, somos guiados do início na Escola de Cinema da Universidade de Nova Iorque e as primeiras realizações, passamos pela efervescência renovadora da chamada Nova Hollywood, e chegamos até quase os dias atuais e a nova configuração dos meios de financiamento e produção. Scorsese demonstra clareza impressionante sobre sua própria obra, ainda que, como qualquer criador, tenda a vê-la com muito menos condescendência e/ou admiração do que o público.
Publicado originalmente no Papo de Cinema
Esse é gênio (dos poucos)! Um verdadeiro apaixonado por cinema, que ajudou nesse movimento, muito bem destacado por ti, Celo, do comercial para a obra de arte. Quando juntamos literatura e cinema ou cinema e literatura, aí sim, como dá samba. E dos bons.
ResponderExcluirVerdade, Rafa
ResponderExcluirScorsese é mesmo diferenciado, seja como cineasta, seja como pensador.
Abraços