Nada de fotografia exímia e conflitos
existenciais. Nove Rainhas se
sobressai pelo ritmo frenético e muito bem amarrado da trama que envolve dois
trapaceiros prestes a se tornarem milionários pelo próximo e mais importante
golpe de suas vidas.
Excelente química entre Ricardo
Darín e Gaston Pauls, que atuam e são dirigidos a partir de um roteiro
igualmente competente. Torcemos pelo vilão mais charmoso (risos) e envolvente
do pedaço. Até quando ele extrapola na cafajestagem, esperamos seu triunfo.
Penso que essa admiração advém de seu carisma, da grande capacidade de Darín
para incorporar o espírito de cada personagem. Torcemos então pelo êxito dele,
independentemente do caráter, pela consagração de sua meta, seja ela para o bem
ou para o mal.
Nove Rainhas é absolutamente envolvente e, mais uma vez, prova o
quanto o cinema argentino é eficiente e versátil. Darìn é um caso à parte, sem
quase nenhum trabalho irregular em seu currículo. Ele se supera a cada atuação.
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Em Nove Rainhas estamos no submundo dos trambiqueiros, dos que vivem
de pequenos ou grandes golpes. Nesse sentido, o filme de Fabián Bielinsky deve
algo a Pickpocket, de Robert Bresson.
Mas, as comparações param por aí. Uma olhada atenta nas ruas de Buenos Aires
mostra a contravenção como orgânica no cotidiano. O personagem de Ricardo Darín
faz parte dessa engrenagem ilícita da cidade, assim como o jovem que passa a
ajudá-lo. Verdades e mentiras são separadas por uma linha tênue, atributo
instável que delimita o labirinto pelo qual o roteiro nos leva. Como saber se a
fala de fulano condiz mesmo com suas intenções? Ou como garantir que sicrano
realmente pensa da maneira como responde?
À medida que a história se
desenrola, com a possibilidade de um grande negócio, os elementos presentes vão
se adensando. O vigarista experiente entra em desespero frente à oportunidade
de faturar alto. No caminho, se depara com a família, sobretudo com o mal que
lhe fez. O novato é um vigarista e tanto, mas se mantém estrategicamente à
sombra. Além de ser um excelente thriller, de ritmo quase incessante, não
apenas da ação, mas dos jogos praticados pelos personagens, Nove Rainhas reflete sobre as
interpretações, colocando em xeque o falso e o verdadeiro, conferindo à
encenação seu poder de direito, poder este utilizado pelo cineasta para nos
engendrar na trama e, diegeticamente, pelos personagens como forma de mostrar
superioridade.
Obrigada pelo incentivo e pelas edições incansáveis rs!
ResponderExcluirA foto ficou show =) E o post também!
Mais uma vez, agradeço a parceria nessa seção que tanto gosto de fazer por estas bandas.
ResponderExcluirVida longa ao nosso Cinema a Dois.
Beijos
Mais uma falha imperdoável em minha vida cinéfila :(
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