Perto de completar 30 anos, DE
VOLTA PARA O FUTURO felizmente continua o mesmo, o que nos mostra, entre outras
coisas, como a qualidade do cinema norte-americano de entretenimento caiu de lá
para cá. Tudo funciona na aventura de Marty Mcfly, garoto descolado que volta
ao passado por conta de um acidente, tendo de remediar a situação cabeluda que
coloca em jogo sua própria existência, além de descobrir como regressar. A
gente tá careca de saber tudo que vai acontecer, mas, mesmo assim, fica
apreensivo para ver se Marty conseguirá o improvável, ou seja, juntar os pais e
atingir o raio da torre do relógio. O filme de Robert Zemeckis é tão bom de
ver, ainda melhor em tela grande (como geralmente é, afinal cinema é cinema),
que não se sentem suas quase duas horas de duração. Mal começa e já termina.
Sinal, neste caso, de que a diversão proporcionada é das melhores, daquele tipo
que o cinema ianque dos anos 1980 e 1990 era especialista. Não à toa, o
DeLorean turbinado de plutônio é parte da memória afetiva de toda uma geração.
Confesso que esperava pouca coisa
de KINGSMAN: SERVIÇO SECRETO. Os trailers não davam conta do quão divertido e
esperto é o mais novo filme de Matthew Vaughn, ele que transporta a violência
gráfica de Kick-Ass para o mundo dos
espiões. As homenagens aos filmes de antigamente da série James Bond não
poderiam ser mais escrachadas, pois, inclusive, verbalizadas por alguns
personagens. A ameaça global, o vilão esdrúxulo, o agente secreto de terno
impecável, as traquitanas (guarda-chuvas blindados, canetas com veneno, etc.),
tudo busca fugir um pouco da seriedade contemporânea, dos Bournes e mesmo dos
Bonds do século XXI. A ação, altamente improvável, possui efeitos ora cômicos,
ora dramáticos, quando não uma soma bem afinada de ambos. Cabeças explodem, uma
igreja vira palco para matança indiscriminada, e no meio disso o jovem
desajustado que terá a chance de salvar o dia. O segredo aqui é acionar a
suspensão de nossa descrença, o que o filme faz muito bem, já que todo absurdo
faz sentido no mundo criado cinematograficamente por Vaughn, outra vez, com
base num quadrinho de Mark Millar. Grata surpresa.
Só de ter filmado um western,
gênero que sobrevive na atualidade em virtude de ocorrências muito esparsas,
Tommy Lee Jones já merece elogios. DÍVIDA DE HONRA pode não ser um grande
filme, talvez boa parte porque tenha dificuldades de relacionar os dramas com o
entorno social, com a paisagem, como bem faziam os mestres de antigamente.
Contudo, é muito forte a história da diligência que precisa levar mulheres
psicologicamente abaladas (naquela época, consideradas loucas) para longe de
suas famílias. Uma perdeu os filhos para a difteria, a outra jogou seu
recém-nascido na latrina, e a terceira perdeu o juízo por causa dos constantes
abusos do marido que a queria engravidar a todo curso. Hillary Swank interpreta
uma solteirona que toma para si a missão. Já Tommy Lee Jones, além de diretor,
se encarrega de dar vida a seu companheiro de jornada, um cara que demonstra
sensibilidade e brios à medida que a viagem vai ficando mais e mais complicada.
O oeste selvagem se encarrega de diminuir as esperanças. O filme foi
praticamente despejado no circuito, em poucos horários e salas. Não é uma
grande realização, mas certamente merecia um pouco mais de atenção.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstá aí um gênero que deveria ser mais bem explorado: o western.
ResponderExcluirSobre DE VOLTA PARA O FUTURO, entretenimento de verdade, sem menosprezar o intelecto da audiência.
Grande abraço.