Grandes diretores nem sempre
fazem trabalhos memoráveis. Certamente Dias
Melhores Virão não é um dos filmes mais acertados de Cacá Diegues, cineasta
capaz de enfileirar, pelo menos, três ou quatro grandes em sua obra. Sim, há
alguma graça na história da mulher de meia idade, interpretada por Marília Pera,
que sonha em ser uma estrela. Aliás, o elenco é genial: Paulo José, Zezé Mota,
Paulo César Peréio, e até José Wilker, ator irregular, está afiado, talvez por
que o papel de canastrão lhe caia bem.
A mulher quer ser atriz, mas é
dubladora de uma novelinha chinfrim americana, deliciosamente protagonizada
cheia de caras e bocas por Rita Lee. O estúdio de dublagem é bem mais ou menos,
decadente, para não dizer caindo aos pedaços. O personagem de Paulo José, o
diretor, preocupa-se constantemente com a crise financeira. O filme é de 1989
e, na época, a inflação remarcava preços com a mesma rapidez com que políticos
saem de recesso hoje em dia.
Em Dias Melhores Virão está bem presente o comentário constante sobre
estrangeirismo, moda no fim dos anos 1980, começo dos 1990. Pensando bem, ainda
é muito usual expressar-se noutra que não nossa língua-mãe, dando relevo a essa
síndrome de colonizado que, por certo, nunca sai de moda. O legal é que
no filme fica bem claro o ridículo dessa fuga empreendida por quem acha o
máximo viver falando em inglês.
Repleto de referências, Dias Melhores Virão se ressente de algo.
É tudo engraçadinho demais, até meio falseado. O fato de o filme existir, num
momento histórico brasileiro em que filmes não existiam por falta de grana, por
si é um milagre. Porém, Dias Melhores Virão
envelheceu mal, ficando bem aquém de outros trabalhos de Cacá. Acontece.
Ah, tenho que incursionar pelo cinema do Cacá Diegues, sou dos mais hereges que não viu sequer "Bye Bye Brasil".
ResponderExcluirÓtimo texto, Celo! Fiquei particularmente curioso para ver a Rita Lee na novela. hahaha
Kon!
ResponderExcluirNão se preocupe, também sou um herege, hehehe
Abraçosss