Em A AMEAÇA FANTASMA temos uma
série de ingredientes que deixam, em princípio, qualquer fã de Star Wars
salivando. Primeiro, é o início de tudo. Vemos o jovem Obi-Wan Kenobi, e,
principalmente, o pequeno Anakin Skywalker sendo descoberto nos desertos de Tatooine.
As maquinações do Lorde Sith também estão ali, bem como seu aprendiz estiloso
com um sabre de luz duplo. Mas por que o
filme não funciona? Simples, o fiapo de história é contado sem qualquer senso
de emoção. George Lucas mostra toda sua limitação enquanto diretor,
desperdiçando cena após cena o potencial dramático. A corrida de pods, que
poderia ser o pico de adrenalina do filme, é um vai e vem aborrecido. A única
sequência que se salva é a luta dos Jedis com o Sith. Jar Jar Binks foi
concebido como alívio cômico, mas consegue no máximo enervar o espectador com
sua voz esganiçada e uma patetice que nem engraçada consegue ser. O amontoado
de equívocos só não é mais prejudicial porque Lucas trabalha com base numa
mitologia mais que estabelecida no imaginário dos cinéfilos, recorrendo a
personagens e situações muito melhor explorados em longas anteriores que,
cronologicamente, são posteriores a ele.
As coisas melhoram bastante em O
ATAQUE DOS CLONES. Quer dizer, ainda há momentos descartáveis, como Anakin e
Amidala rolando pela grama num clima de paixão, mas, em contrapartida, as
intrigas políticas ganham corpo, assim como a participação dos Jedis nos rumos
que a galáxia irá tomar. O futuro Darth Vader dá seus primeiros passos em
direção ao lado negro da força, permitindo-se amar e odiar na mesma medida,
exibindo a arrogância do predestinado que já se acha à altura do Mestre Yoda.
Falando em Yoda, em meio a uma batalha realmente empolgante, repleta de sabres
de luz cortando a ar e os dróides, finalmente o vemos em ação, numa disputa com
o Conde Dookan interpretado por Christopher Lee. É um dos pontos altos da nova
trilogia. Já a conspiração envolvendo a criação de um exército de clones
explica os Stormtroopers que mais adiante servirão lealmente a Vader. Em suma, a
despeito de alguns problemas, já não temos mais Jar Jar Binks irritando o
público – agora ele está bem mais discreto e contido -, e a política surge com
relevância, assim como os dramas que propiciarão os eventos de trágicas
proporções que vimos na trilogia clássica.
É em A VINGANÇA DOS SITH que temos
um dos episódios mais importantes de toda saga Star Wars: o surgimento de Darth
Vader. O que até então parecia apenas uma disputa político-comercial assume
definitivamente contornos de golpe de estado. Palpatine, ou melhor, Darth
Sidious, atrai o jovem Anakin para o lado negro da força, prometendo a ele
poderes de controlar vida e morte. George Lucas concentra na derrocada de
Anakin, circundada pelo e estritamente ligada com o extermínio dos Jedis, o núcleo
dramático do filme. A ação é bem filmada, não há muitos momentos de respiro, o
que denota um mundo convulsionado pela iminente erupção de um poder grande
demais para ser controlado. Lucas trabalha o paralelo em duas instâncias
capitais. Enquanto Anakin e Kenobi duelam em meio ao fogo do planeta inóspito,
Palpatine e Yoda travam uma batalha de mestres. Mais tarde, enquanto Amidala dá
a luz aos gêmeos Luke e Lea Skywalker, seu marido "morre" para dar lugar a um dos
vilões mais icônicos do cinema. Da nova trilogia, este é o filme mais maduro,
talvez por ser também o mais trágico e representativo dentro do universo criado
por Lucas nos hoje já longínquos anos 1970.
Eu gosto bastante do Ataque dos Clones, a única parte ruim é realmente Anakin e Amidala rolando na relva.
ResponderExcluirO pior da Ameaça Fantasma é que a trama do filme é sobre uma disputa comercial caríssima e ainda fez o favor de reduzir a Força a uma infecção (por favor esses midclorians).