Se há cena que possa de alguma
maneira resumir Intocáveis é a do
senegalês Driss dançando Boogie Wonderland,
do Earth, Wind & Fire, defronte a
seu patrão, o tetraplégico Phillipe. Nos olhos marejados do homem branco,
típico francês amante das artes, a emoção de quem constata no outro a fortuna
de viver para além de todas as adversidades.
Driss é negro, pobre, mas mitiga as
desventuras de seu cotidiano difícil com largos sorrisos e uma sede de viver que
soa até ingênua ao cínico mundo de hoje, onde se julga depressão normal e
felicidade over. Driss ainda mostra
ao ricaço como devemos relativizar a arte. Claro, sua ignorância desbragada
provoca risos (periga uns, mais radicais, até se irritarem com esse “desprezo”
pelo erudito), mas tudo ali serve para comentar criticamente a sociedade francesa
estereotipada como pedante. Os cineastas parecem dizer que à França falta viver
mais e tentar menos parecer culturalmente superior.
A dupla de protagonistas pode ser
vista, também, como símbolo da relação entre a França e suas antigas colônias. A
imagem do “legítimo” francófono sendo empurrado pelo senegalês, metaforicamente
mostra a terra da Torre Eiffel, sempre tão arredia aos estrangeiros, cada vez
mais dependente dos filhos que outrora subjugou e ainda
hoje renega.
Amado por muitos, indiferente para
outros (algo a ver com o sucesso de público, segundo alguns, sinônimo de falta
de qualidade?), Intocáveis é um filme
que tem lá suas fragilidades, mas é apaixonante como poucos recentes, justo por
não envergonhar-se de edificar relação baseada em amizade, humanismo e
respeito, atributos hoje infelizmente meio fora de moda, eu sei.
Já nem sei mais como comentar aqui, pois me considero muito suspeita! rs Adoro seus textos Marcelo, sua forma de escrever nos enreda e encanta.
ResponderExcluirSeu olhar diferenciado para algo que poderia ser óbvio é muito legal!!
Intocáveis é muito especial e seu texto só reforça essa sensação.
beijos
Carol, querida.
ResponderExcluirNão canso de agradecer seus elogios ao que escrevo e a forma como tu dissemina isso, contagiando outras pessoas.
A sessão de INTOCÁVEIS foi ainda mais especial por ser uma indicação sua. Obrigado.
beijos
Marcelo, assino embaixo dos seus comentarios sobre o filme e acho que o bel[issimo e irreverente Intocaveis, atraves do milionario frances tipico e seu empregado senegales retratam as relacoes humanas nossas de cada dia com humor e delicadeza. Quem trabalha com a filosofia da diferenca na area da saude, sabe o qto eh dificil fazer valer a potencia onde o social so ve impossibilidade.O filme para mim [e um ativo Sim a vida.
ResponderExcluirIrene, muito me alegra tua visita e posterior comentário.
ResponderExcluirBom que compartilhamos a paixão pelo filme, sem dúvida um dos mais tocantes que chegaram ao circuito nos últimos tempos.
Abraços e volte sempre.
Celo!
ResponderExcluirJá foi para minha lista, ao menos mental, hehehe
Abraços