Morgan Spurlock ainda é reconhecido como o cara que
desafiou o Mc Donald’s com o documentário indicado ao Oscar Super Size Me – A Dieta do Palhaço
(2004). Nada estranho, uma vez que seu filme foi o responsável pela inclusão de
opções saudáveis no cardápio da rede de fast food e provou os malefícios
causados por uma dieta à base de hambúrgueres e batatas-fritas. Desde então,
Spurlock segue uma fórmula dinâmica e ousada para atrair espectadores para suas
produções, e seus temas não poderiam ser mais diversos – Osama Bin Laden, a
economia norte-americana, a publicidade nos filmes e a feira de quadrinhos
Comic-Con renderam histórias para alguns de seus documentários. Bigodes, pelos
e homens preocupados com o visual também.
Mansome
(2012) explora o crescente universo da metrossexualidade, termo que já caiu em
desuso, mas ainda motiva companhias a desenvolverem uma série de produtos
voltados ao homem contemporâneo. Já muito explorado e criticado por inúmeras outras
mídias, o metrossexual apresentado no documentário de Spurlock é aquele
caricato, que tem nos cuidados com a aparência o escape para uma vaidade
excessiva. Os seus principais entrevistados são passíveis de ridicularização –
como Ricky Manchanda, obcecado por cuidados estéticos, e Jack Passion, campeão
mundial de barba natural. Os atores Jason Bateman e Will Arnett, que produzem o
filme, tornam a caricaturização do metrossexual ainda pior, uma vez que
participam do documentário opinando sobre o assunto (com um bastante humor
questionável) enquanto desfrutam dos benefícios de um spa para homens.
Seguindo a fórmula que usou em Comic-Con Episode IV: A Fan's Hope (2011), Spurlock se debruça
sobre alguns personagens principais e pincela a opinião de outros para dar
maior dinâmica ao documentário. Alguns entrevistados fornecem opiniões muito
interessantes, como Adam Garona, fundador do Movember – movimento para a prevenção do câncer de próstata – mas
outros são inteiramente descartáveis, como o lutador Shawn Daivari, que aparece
quase que exclusivamente para falar – e demonstrar - como depila todos os pelos
do corpo. Entre barbeiros e antropólogos,
Spurlock ainda consegue espaço para aparecer em seu documentário. Quem acusa o
cineasta de ser narcisista e egocêntrico não ficará feliz em saber que sua
participação se resume a se barbear frente às câmeras.
Mansome,
ainda que bem intencionado em seu propósito, não vai muito além de uma matéria
digna de Fantástico, interessante
para o final de um domingo. Spurlock, que já demonstrou ser um bom
documentarista, talvez deva apenas ser mais feliz na escolha de seus temas – e
se preocupar menos com a aparência de seus filmes.
Publicado originalmente no Papo de Cinema.
Publicado originalmente no Papo de Cinema.
Olá, Kon!
ResponderExcluirMuito legal como você procurou analisar os vários ângulos abordados pelo filme, mesmo que esse o faça de maneira bem superficial, como evidenciam suas palavras intercaladas.
Abraçosss
Oi Kon,
ResponderExcluirÓtimo texto sobre essa inusitada premissa do Spurlock.
Abração
rsrsrs,imaginando as cenas..e linkando com seus comentários sobre o filme!! Deve ser engraçado ou então seu texto tá atraindo mais Conrado =D!!
ResponderExcluirAdorei! bjs