Na próxima sexta-feira estreia Eclipse, a terceira parte da série Crepúsculo, aquela que encanta jovens e acaba por os levar às livrarias, em busca da obra original, e ao cinema à procura do Robert Pattinson e do Taylor Lautner sem camisa. Só pelo fato de eles, os jovens, cada vez mais arredios e desinteressados, frequentarem estes dois locais, a febre originada pela escritora Stephenie Meyer já valeu à pena. Não assisti a nenhum dos filmes, e dos livros só conheço aquelas capas estranhas que apinham as livrarias e que por puro oportunismo são copiadas por outras editoras que só querem uma lasca do público cativado por Crepúsculo. Já ouvi que os livros são uma bomba, que os filmes são mela-calcinha de menina sonhadora (desculpem os termos, mas é assim que as pessoas falam). Sei lá, pode ser que esteja me deixando levar por opiniões alheias. Pode ser que minha curiosidade não tenha surgido por encarar toda esta febre somente como um caça-níquel poderoso, que conseguiu trazer para si a fatia do mercado que mais interessa hoje aos exibidores de cinema, para falar só da sétima arte, que é dos 12 aos 18 anos.
Não é despeito, por meus filmes queridos não virarem febre e não encherem os cinemas, mas uma espécie de irritação com a banalização do cinema frente a celebridade e o furor adolescente sem critério. Não queria generalizar, mas está difícil. O que me enche o saco é que, salvo uma que outra alma mais atenta, a maioria dos que já garantiram uma bilheteria monstro para Eclipse é composta por pessoas que pouca bola dão para o cinema. Aliás, tente falar mal da saga para uma crepusculete (sim, elas ganharam até uma alcunha que as designa como grupo), tentando argumentar as fragilidades da história, o paralelismo fraco e inevitável com Romeu e Julieta, os múltiplos motivos para não se levar tãããoooo a sério assim esta onda toda, e verá que ela pode virar uma arma mortal, de uma hora para outra. É uma reação passional, compreensível, afinal protegemos, ou queremos proteger, aquilo que amamos. Com esta posição de desagravo pretendo proteger, pelo menos para minha própria integridade, meus conceitos de cinema.
Pode até ser preconceito, concordo que não tenho como conceitualizar algo com o qual nunca tive contato, mas é que estas ondas, estes fenômenos adolescentes que não evoluem com o tempo são mais velhos que andar para frente, e o que incomoda é esta previsibilidade. Porque assistir algo que já se sabe, nem que seja mais ou menos, por quais caminhos vai trilhar? Por isso parei de ver novelas, que eram tão interessantes no passado, e que agora são tão óbvias e insossas. Nem para conto de fadas servem. Ah, quase ia esquecendo, tem outro motivo que não me faz ir ao cinema conferir esta onda: odeio barulho e conversas paralelas durante a audiência de um filme. Pelas opiniões coletadas e relatos de amigos que tiveram a coragem de ir numa sessão com centenas de crepusculetes, imagino que assistir aos filmes com elas seja como estar num estádio barulhento, só que sem o futebol. É isso aí, as crepusculetes são uma espécie de vuvuzela das salas de cinema. No futebol até que são legais aquelas cornetas todas, mas não venha me dizer que no cinema se consegue atenção com alguém gritando “lindooooooo”, “que amoorrrrrr”,”que fofooooo”, do seu lado, porque daí não cola.
Ps.: Refiro-me às crepusculetes sempre no gênero feminino, na onda da maioria, mas tenho consciência que os vampiros que viram purpurina ao sol e a mocinha que não sabe se transa com um lobo ou um morcego também fazem a cabeça de alguns meninos.