Demorei um pouco para gostar de
MARIDOS E ESPOSAS, um dos filmes de Woody Allen que menos parece dirigido por
ele. Talvez o maior problema seja a experimentação visual desajeitada. A câmera
inquieta, os falsos raccords, em
suma, esse registro bastante incomum dentro da prolífica carreira de Allen soa
deslocado. Em princípio, ao invés de servir à história, a técnica reivindica
espaço demais. Contudo, aos poucos a ciranda amorosa dos personagens ganha
consistência, os dramas conjugais são depurados e revelam o que os alimenta: as
contendas internas de cada um. Ainda que esteja longe dos filmes mais
memoráveis de Woody Allen, MARIDOS E ESPOSAS não pode, entretanto, ser acusado
de negligenciar as complexidades do que se propõe a observar.
SONHOS ERÓTICOS DE UMA NOITE DE
VERÃO possui aquela ironia típica que Woody Allen utiliza tão bem para falar
sobre relacionamentos. Na trama, Allen interpreta um inventor que, com sua
esposa (com quem não está conseguindo transar), recebe na casa de campo dois
casais para o fim de semana que antecede o casamento de um deles. Paixões do
passado voltam como assombrações, outras surgem de repente, mas parece que o
cineasta quer mesmo é fazer graça dos desmandos do amor e do desejo. Tem ali
também o velho embate entre a razão e o desconhecido, mas acho que é mais para
zombar de quem vive de certezas, do absolutismo, das convicções (sobretudo as intelectuais)
inabaláveis.
O primeiro filme dirigido por
Woody Allen não é totalmente dirigido por Woody Allen. O QUE HÁ, TIGRESA? é
resultado da redublagem de um longa japonês, com texto novo e remontado para
servir ao enredo que tem como protagonista um similar oriental do James Bond
que recebe a missão de recuperar uma receita ultrassecreta de salada de ovos.
Era para ser engraçado, mas infelizmente não é. A trama até que dá liga, mas
apenas no seu básico, pois os diálogos são insossos e as piadas não são lá
muita inspiradas, exceto algumas que até nos fazem rir um pouco. Em suma,
melhor considerar que Woody Allen estreou com Um Assaltante Bem Trapalhão mesmo.