Olá, caro amigo-leitor!
De acordo com a boa educação, é
de bom grado nos apresentarmos às pessoas que ainda não nos conhecem. Bom,
então, aí vai uma versão reduzida: meu nome é Rafa Müller, sou estudante de
Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, redator da Quanta Propaganda e
um amante incondicional da cultura. Sobretudo, a literatura e o cinema. Recebi
o convite para assumir a coluna voltada à sétima das artes do blog da Anglo e,
bem, aqui estou. Feito isso, vamos ao que realmente interessa.
Na última sexta-feira, dia 30 de
março, estreou no Brasil e no GNC Cinemas de Caxias, o filme norte-americano
“Drive”. A novidade em telas tupiniquins foi sensação no Festival de Cannes em
2011, talvez a festa do cinema mais importante do ponto de vista artístico. O
diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn levou, na oportunidade, o prêmio por
seu trabalho atrás das câmeras. Diga-se de passagem, com grande merecimento.
O protagonista, encarnado
magistralmente pelo ator Ryan Gosling, não possui nome, contudo diversas
camadas paradoxais que o formam. Este é um exímio piloto, que atua em filmes de
ação como dublê em cenas com veículos e, como extra, guia máquinas envenenadas
em assaltos pelas ruas de Los Angeles. O personagem é uma pessoa enigmática. O
olhar fixo, perdido em pensamentos segregados em sua mente, são marcas de sua
personalidade recheada de meandros, distorções e atitudes inesperadas a um
casmurro. A fotografia de Newton Thomas Sigel mescla sombra e luz estourada em
tom dourado, a favor da narrativa e não apenas enquanto parte estilística da
película. Há momentos lúdicos, por
exemplo, quando Gosling em meio ao breu tem a incidência de luz somente sobre
as costas da emblemática jaqueta clara, com o bordado de um escorpião. A
respiração não é mais sua. É do animal traiçoeiro que leva consigo. Ele pulsa
após uma das melhores cenas do filme, ocorrida dentro de um elevador.
O envolvimento do Driver com uma
vizinha de andar gera uma instabilidade até então não vista. Ele perde a
traseira, o rumo, porém sua habilidade ao volante supera qualquer obstáculo ou
dificuldade pelo caminho. As lacunas. Impressionante o que elas fazem ao
roteiro bem amarrado da obra. Os momentos em que nada efetivamente acontece, em
que sentimentos ou ações ficam em suspensão. Palavras não ditas. Olhares e
gestos que traduzem o que o verbal tornaria explícito e acabaria com a beleza
do tênue.
O filme é fantástico e fácil de
agradar aos amantes da sétima arte ou simplesmente àqueles que buscam
entretenimento de boa qualidade e que não agrida a inteligência do espectador.
O cinema é fascinante e “Drive” é uma das obras que mais fascinaram este que
vos fala nos últimos meses. Fica aqui registrada a dica e um “até breve” meu.