segunda-feira, 30 de maio de 2011

The Tramps Entrevista: André Setaro


Dando continuidade à série de entrevistas com críticos de cinema, exclusivamente concedidas ao The Tramps, falamos com André Setaro, que há muitos anos faz do cinema sua paixão, e a quem aproveitamos para agradecer pela colaboração.

ANDRÉ SETARO
Crítico de cinema do jornal TRIBUNA DA BAHIA (Salvador), da revista eletrônica TERRA MAGAZINE, e Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, onde ensina OFICINA DE COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL E LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA. Publicou recentemente um box com três livros denominado: ESCRITOS DE CINEMA: TRILOGIA DE UM TEMPO CRÍTICO (Azougue/Edufba).

 Sigam o blog do André Setaro: http://setarosblog.blogspot.com/


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• Como nasceu em você a paixão pelo cinema?
Minha paixão pelo cinema nasceu indo ao cinema nos tempos áureos da década de 50, quando a produção comercial tinha qualidade e não se assemelhava ao lixo contemporâneo. Sou formado pelo cinema de gênero, mas, adolescente, vim a entender, vendo Antonioni e Bergman, que o cinema também era uma expressão artística.

• Qual é o sentido de ser crítico nos dias de hoje?
Se, antes, ia ao cinema todos os dias, atualmente sou muito seletivo. Vejo mais em DVDs. A crítica é sempre arrogante, dona da verdade. É preciso mais generosidade, e o crítico deve ser, antes de tudo, um leitor intermediário entre o espectador e a obra cinematográfica. Diria um intérprete privilegiado.

• Qual sua posição frente a nova crítica de cinema, que germinou na era dos blogs e das revistas virtuais?
Há excelentes revistas virtuais, com gente séria e competente: Contracampo, Cinética, Polvo etc. Mas há também muito lixo no espaço virtual. O tempo se encarregará de pô-lo na lixeira do infinito.

• Como vê o academicismo de certas linhas de pensamento na crítica cultural? Acredita que a dissecação de um filme, tornando a análise o mais objetiva possível, tende a enfraquecer a importância da análise subjetiva?
Sim, há uma tendência a cientificizar a análise, principalmente uma crítica que vem da academia. Alguns chegam a analisar o filme como um cientista diante de um rato no laboratório. E a emoção, onde fica? A emoção é fundamental.

• Quais são seus críticos de cinema favoritos? Os de outrora, que influenciaram ou ainda influenciam seu trabalho, e os de agora, que acredita sustentarem com talento a causa da crítica de cinema.
Atualmente, gosto muito de Inácio Araújo. Antes, Paulo Emílio, Walter da Silveira, José Lino Grunewald, Moniz Viana etc.

• É célebre a história de Antonio Moniz Vianna parou de escrever quando da morte de seu maior ídolo, John Ford, pois acreditava que nada tinha mais a acrescentar como pensador diante da crise criativa contemporânea. Qual diretor cuja morte já lhe provocou semelhante desalento?
É verdade. Li no próprio Correio da Manhã, onde Moniz escrevia. Nenhum diretor me provocou desalento semelhante.

• A perda de espaço de textos críticos nos veículos impressos é sintoma da falta de interesse público, ou a busca ávida dos veículos pela adequação a tempos de pouca reflexão?
A perda de espaço se vincula à falência da cultura literária e a preguiça mental da arte de ler.

• Discutir "comércio versus arte" ainda é válido quando percebemos qualquer cinematografia?
Sim, embora seja ponto pacífico que se o filme é uma arte o cinema é uma indústria.

• Como vê o cinema brasileiro atual?
Acossado pela exigência da captação de recursos e submetido aos ávidos gerentes de marketing das empresas e sem possibilidade da criação de filmes mais inventivos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

The Borgias e os mercadores da fé


Não é novidade a migração (felizmente temporária) de grandes personalidades do cinema para a televisão, principalmente nos Estados Unidos. É um movimento inverso ao de anos atrás, em que artistas com bons trabalhos televisivos eram seduzidos pelo glamour do cinema. Se no mercado americano está cada vez mais difícil a captação de financiamento para projetos cinematográficos que fujam do convencional, ou dotados de linguagem um pouco mais ousada, a televisão parece ter se transformado, de uns tempos para cá, num porto seguro justamente para este tipo de proposta.

The Borgias originalmente era uma ideia que o diretor Neil Jordan tinha para cinema, mas que acabou utilizando como base desta série exibida no Showtime, canal americano de televisão por assinatura. Contando com o know how de Michael Hirst, responsável por outro sucesso da mesma emissora, e que focava também uma célebre família de eras remotas, The Tudors, Jordan colocou em prática, e com mais tempo de desenvolvimento, sua visão desta lasciva e corrupta linhagem renascentista, os Borgia. Jeremy Irons foi escalado para o papel principal, o de Rodrigo Borgia, o patriarca que chegou ao papado em 1492.

Para quem se interessa pelo recorte histórico, The Borgias é prato cheio, pois refuta o didatismo, e, a despeito de suas liberdades, nos mostra bem o panorama da aristocracia europeia e da geopolítica na época. O refinamento não fica apenas no campo da pesquisa histórica, o capricho pode ser visto também nos figurinos exuberantes e na reconstrução de época, que dão verossimilhança à produção. The Borgias se atém fortemente à corrupção desta família que tomou de assalto o Vaticano, e que tratou a Santa Sé como se fosse um empreendimento doméstico, de investimento à longo prazo e cheio de riscos, diga-se. A luxúria também está muito presente, as cenas de sexo são abundantes, e interessantemente conferem clima de constante pecado, aclimatando a história focada nos meandros e corruptelas das mensagens da Igreja Católica. 

O elenco é outro ponto a se destacar em The Borgias. Jeremy Irons encarna um personagem ambíguo, que demonstra sua sede de poder com a mesma intensidade com que ama, não tão clandestinamente assim, a bela Farnese. Mais do que religioso, ele é um líder mercantil, e por vezes podemos até esquecer que aquele homem de branco sentado no trono de São Pedro é o sumo pontífice, dado a suas ações prioritárias como chefe de estado. Seu filho Césare que, inclusive, foi inspiração para o clássico O Príncipe, de Maquiavel, é interpretado com muita gana por François Anaud, seguramente um dos maiores destaques dentro de um elenco recheado de boas interpretações. 

É “chover no molhado” exaltar as recentes produções da televisão americana em detrimento de seu cinema cada vez mais infantilizado. A qualidade realmente não é mais novidade, e esta migração de talentos da tela grande para a pequena, mencionada anteriormente, nada mais é que reflexo de uma situação de mercado. The Borgias se aproveita da abertura, é um belo exemplar deste filão dos programas estadunidenses que instigam nossa constante fome por períodos históricos que nos auxiliem na compreensão de nosso próprio, com narrativa envolvente e sedutora. Não é a melhor série de todos os tempos, e não cometeria aqui o pecado dos superlativos vazios apenas para reforçar meu argumento, mas certamente pode-se classificá-la como uma das mais interessantes da temporada. Já renovada, The Borgias continuará sendo alvo de minha audiência, ávida para conferir os desdobramentos da saga dos Borgia, e os propósitos escusos de um Papa que está mais para agressivo empresário do que para líder espiritual.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Abutres e a nossa impotência


Pablo Trapero é um dos diretores mais interessantes do, geralmente, inquietante cinema argentino. Versátil, dono de estilo próprio, porém capaz de mutações focais de um projeto para outro, Trapero é daqueles realizadores que merecem nosso olhar atento. Seu mais recente filme, Abutres, não tem, pelos menos num primeiro momento, a comicidade dramática de Família Rodante, a melancolia solitária de Nascido e Criado, ou mesmo a profunda análise de personagem que edifica Leonera, mas se há algo que interligue suas obras (colocando em perspectiva estas que vi) é a opção por trabalhar com gentes e entornos despedaçados. 

Em Abutres a riqueza da linguagem é muito significante, a forma como Trapero faz um filme-denúncia de situações calamitosas na Argentina, por exemplo, do sucateado sistema de saúde pública e da máfia que se esgueira pelas brechas legais para lucrar com as tragédias alheias, mas sem esquecer a profundidade dos personagens, que caminham inexoravelmente para a tragédia. O sempre cativante Ricardo Darín interpreta Sosa, advogado de registro cassado que trabalha para uma firma especializada em lucrar com o seguro pago a vítimas de acidente de trânsito. Martina Gusman é Luján, médica que se vê envolta nestes esquemas escusos, e com Sosa a nível pessoal. 

Neste filme, a Trapero o importante é nos mostrar realidades comumente jogadas para baixo do tapete, como a de médicos que precisam empilhar plantões para sobreviver, emergências caóticas, falta de escrúpulo de profissionais que deveriam auxiliar os combalidos, advogados íntimos do submundo, polícia conivente e recebedora de propina, tudo parte de um esquema para o enriquecimento de poucos, à custa da miséria alheia. Por meio da profundidade de campo que assina visualmente enquadramentos muito próximos dos personagens, e com sua câmera na mão, Trapero nos guia, não como limitador ou indutor vil, e sim como cineasta consciente e afoito em compartilhar o que não mais parece caber apenas em sua indignação. 

Abutres é violento, cru e árido. Por mais que o amor de Sosa e Luján pareça, ora ou outra, dar um respiro em meio a tanto drama, ao sangue que verte abundante na tela, às agulhas que injetam paliativos em Luján com a mesma mecânica com a qual ela trata seus pacientes, o filme é inapelavelmente pessimista. É como se com ele, Trapero dissesse que fugir do “sistema”, esta quimera sem rosto, é praticamente impossível. A reiteração da violência faz parte da busca do diretor, neste poderoso filme de cunho crítico, em que mostra a atual conjectura, não com lentes piedosas ou adocicadas, e sim com a secura desesperada de quem se sente parte dos que são aleijados diariamente por forças muitas vezes invisíveis, mas de toque impiedosamente tangível.

sábado, 21 de maio de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo e o filme-game


Confesso que quando vi os primeiros trailers de Scott Pilgrim Contra o Mundo, pensei cá com meus botões: “Sério?”. A trama, grosso modo, envolve um garoto e uma garota que se apaixonam, mas para que ele possa desfrutar deste novo relacionamento terá antes de lutar contra os sete ex-namorados malvados dela. No trailer, as intervenções gráficas me causaram estranhamento, a linguagem que, de cara, remetia a estética dos games, principalmente os da era 8 bits. Nunca fui um fanático por jogos, mas, como quase todo mundo, passei tardes jogando Pac-Man e Super Mario Bros, e mesmo assim não me parecia muito promissora a ideia de juntar cinema com videogame.

Por certo, alguns diretores já tinham estabelecido esta convergência (mas não neste nível), e existem até alguns teóricos de cinema que se debruçam sobre a influência que a narrativa dos games exerce sobre a progressão dramática dos filmes de hoje, principalmente os produzidos visando o público mais jovem. A indústria, tentando aproveitar monetariamente o filão, já fez também adaptações de diversos games para as telas, mas são poucos os que renderam filmes menos que embaraçosos. Scott Pilgrim Contra o Mundo é um caso especial, pois é transposto de uma história em quadrinhos, esta que utiliza da estética peculiar aos gamers para desenrolar sua história de amor adolescente, ou da pós-adolescência.

Só mesmo um diretor talentoso como Edgar Wrigth, que está construindo aos poucos uma sólida carreira no circuito cinematográfico, para fazer com que a miscelânea da HQ tenha se convertido num filme tão empolgante e divertido. Pode parecer estranho no início, mas logo estamos acostumados com pessoas que viram moedas ao morrerem, com onomatopeias que saltam na tela e com personagens cartunescos. Scott Pilgrim Contra o Mundo, provavelmente, é o que de mais orgânico já se fez neste diálogo tão atual (nem sempre sadio) entre as linguagens do cinema e dos videogames.

Ao desenrolar a ciranda de amores embalada pelos jogos que fizeram, fazem, e ainda farão a cabeça da molecada, Edgar Wright mostra que é possível construir um filme para jovens (não só para eles, é bom que se diga), que não os chame constantemente de babacas. Vai ver até por isso o filme não foi lá muito bem de bilheteria. Uma pena. E na cena final, Wright atribui concientemente responsabilidades, dizendo à plateia que só depende dela para que o mesmo tenha uma continuação. A despeito das bilhetrerias ruins, espero sinceramente que Scott tenha conseguido uma vida extra.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sessão Comentada - Abutres


E o The Tramps não para. Após a bela semana dedicada ao cinema francês que acompanhamos no SESC Caxias do Sul, agora é a vez de marcarmos presença no retorno das sessões comentadas da Sala de Cinema Ulysses Geremia. Serei um dos debatedores da sessão de Abutres do próximo domingo, dia 22, junto com Homero Ribeiro. Esperamos vocês em mais esta programação cinéfila. Segue divulgação.
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Sessão Comentada
O drama argentino Abutres, atualmente em cartaz na Sala de Cinema Ulysses Geremia, marca o retorno das tradicionais sessões comentadas da Sala de Cinema Ulysses Geremia. A sessão especial com debate, que ocorre no dia 22 de maio, domingo, possui entrada franca e terá a presença de dois convidados para um dinâmico debate: Homero Ribeiro, artista plástico, produtor cultural e presidente da ONG Moinho de Ideias (www.moinhodeideias.org) e Marcelo Müller, cinéfilo que escreve para o blog The Tramps (www.litcine.blogspot.com).

Sinopse:
Sosa (Ricardo Darín) é um "abutre", apelido de advogados especializados em acidentes rodoviários. Todos os dias ele vai aos locais de acidentes, aos setores de emergência dos hospitais e a delegacias procurando clientes. Seu trabalho é lidar com testemunhas, policiais, juízes e companhias de seguro. Mas o que seus clientes não sabem é que a agência para a qual trabalha está envolvida em esquemas de corrupção e desvio de dinheiro. Quando se apaixona pela jovem paramédica Luján (Martina Gusman), Sosa decide se aposentar do trabalho sujo e viver ao lado dela. Mas seu passado não o deixará tão facilmente.



ABUTRES (Carancho, 2010)
Sessões: Dias 19, 20, 21 de maio, de quinta-feira a domingo, às 20h
Ingressos: R$ 5 (integral) e R$ 2 (meia-entrada)
Sessão comentada: Dia 22 de maio, 20h, com entrada franca
Classificação: Indicado para maiores de 14 anos.
Local: Centro de Cultura Ordovás, Rua Luiz Antunes, 312 - Bairro Panazzolo
Mais informações:

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O que aprendi com Gotcha - Uma Arma do Barulho


Assistia muito Gotcha - Uma Arma do Barulho na Sessão da Tarde, e com ele aprendi algumas coisas valiosas, que me foram lembradas agora na revisão:

  • Armas de paintball são legais, e seriam ainda mais se estivessem disponíveis para jogos, como o apresentado no filme, nas universidades brasileiras. Imagine você, indo para aquela aula noturna, cheio de preocupações com a prova que terá de fazer, cujo estudo provavelmente não foi objeto de sua atenção no fim de semana, e ainda ser perseguido até levar uma bolada de tinta que manche inapelavelmente o blusão que você acabou de comprar. Genial e inspirador.
  • Em hipótese alguma tenha como companhia de viagem um amigo que se passa por Carlos, o Chacal para levar para a cama umas menininhas que adoram perigo, mas contabilize esta amizade quando precisar da gangue dele para lhe ajudar numas coisinhas.
  • Nunca acredite, principalmente quando se é virgem, que uma linda mulher, com cara, jeito e sotaque de espiã, possa se interessar por você, apenas por não gostar de homens peludos.
  • Evite Berlin Oriental, companhias russas suspeitas, e, se for estrangeiro, deixar o visto expirar.
  • Procure não se hospedar num hotel que não vá se responsabilizar por eventuais arrombamentos no seu quarto, quando da sua ausência.
  • Não deixe seus pais ricos, e sem muita coisa para fazer, acharem que você é um drogado. Aliás, de forma alguma deixe que seus pais achem que você é um drogado. Melhor ainda, não use drogas.
  • É muito útil saber onde fica o armário com os soníferos injetáveis, numa faculdade de veterinária.
  • Se uma menina te esnobar, não hesite em tranqüilizar a nádega dela com uma substância que faria um tigre de bengala dormir por horas.

Revendo Gotcha - Uma Arma do Barulho ontem, me diverti tal qual nos idos tempos de estudante. Como  nos anos oitenta os americanos faziam bons filmes de entretenimento que realmente entretinham, independente do absurdo em que eram galgados. Afinal de contas, um filhinho-de-papai que brinca de James Bond no campus da universidade e que, durante viagem para o exterior, louco para fazer sexo e ver museus, nada mais, se vê envolvido com uma bela mulher numa trama de espionagem internacional, é algo bem insano, não é mesmo?

O filme é uma obra de arte? Não, claro que não, tem momentos até bem deslocados, como quando Jonathan, em meio ao caos, resolve comer uma bela refeição americana (mistura de merchan e patriotada bem vagabunda). Mas é divertido, leve, nem de longe aborrece e ainda tem algumas coisas bem interessantes, principalmente quando pensamos nele como um exemplar para adolescentes e jovens adultos. Estou em casa, de molho por causa de uma gripe, mas confesso que não tenho a mínima intenção de me refestelar no sofá para ver a Sessão da Tarde, que hoje exibe o “grande” Um Príncipe em Minha Vida 2: O Casamento Real. Não, obrigado. Bons tempos em que Gotcha - Uma Arma do Barulho era só um entre tantas outras “pérolas” que faziam nossa alegria juvenil nas sessões da tarde.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mostra #05 - Hiroshima Meu Amor


A última noite da Mostra 1959 - O Ano Mágico do Cinema Francês começou meio desajeitada, já que o responsável pela projeção deu início a ela sem que habilitasse as legendas em português. Saí então da sala, fui comunicar o engano, e neste ínterim algumas pessoas chegaram, beneficiando-se (pelo menos algo de bom) do imbróglio que atrasou em mais ou menos dez minutos o começo do filme. O exemplar da noite foi Hiroshima Meu Amor, de Alain Resnais, outro diretor que não fazia exatamente parte da patota de Godard e companhia, mas que nem por isso deixou ao longo dos tempos de gozar do prestígio que acertadamente lhe atribuem: o de um dos mais talentosos e importantes cineastas franceses.

Hiroshima Meu Amor inicia com uma sequência genialmente construída, uma fusão de imagens da cidade que teve sua população vitimada pela queda da bomba atômica, com a conversa de alcova de um casal, um arquiteto japonês e uma atriz francesa de passagem pela terra do sol para a gravação de um filme sobre a paz. Poucas vezes vi algo tão expressivo e tão dolorosamente poético no cinema. A partir daí, temos uma impecável construção fílmica que, além de brilhante e inventiva como narrativa do romance, é poderoso libelo contra os conflitos bélicos que afetam as pessoas em escala global. No cinema comumente memorialista de Resnais, somos intimados a não esquecer, a valorizar lembranças e a entender como elas auxiliam na modelagem dos seres e da história. Hiroshima Meu Amor é um filme complexo, onde todos os planos, olhares e gestos, são orquestrados rigorosamente sob a égide do artista formidável que é Resnais. Uma segunda visita à obra se faz necessária, seja pelo simples prazer de rever algo tão pungente e belo, ou mesmo a fim de perceber elementos que certamente escorregaram pelos vãos da percepção na primeira vez.

O colóquio posterior foi, mais uma vez, bem interessante e produtivo. Quem dera pudéssemos ter todas as semanas construtivas como esta foi. Aproveitamos para agradecer ao SESC Caxias do Sul, que nos possibilitou este contato com filmes tão importantes, e as posteriores trocas de conhecimento, das quais por vezes fomos condutores, e a todos que compareceram a estas sessões do imprescindível cinema francês.

Mostra #04 - Pickpocket


Diferente dos diretores vistos anteriormente na Mostra, Robert Bresson não estava debutando no cinema ou mesmo ainda tateando por seus primeiros filmes em 1959, já tinha 25 anos de carreira quando do lançamento de Pickpocket. Há quem diga que ele é uma espécie de pai da nouvelle vague, um guru que precocemente carregaria alguns dos substratos da nova onda, antes mesmo que ela servisse de estandarte para os jovens turcos da Cahiers du Cinéma. Bresson sempre foi um formalista rígido, e sua convicção no trabalho com não atores e linguagem minimalista agradava André Bazin e a maioria de seus pupilos.

Pickpocket surge então em meio a eclosão do movimento, ao turbilhão revolucionário causado pela nouvelle vague. Seguindo a economia que esteticamente já pautava suas obras, Bresson cria em Pickpocket um conto sobre a moralidade, os crimes e os castigos vistos através dos olhos de Michel, habilidoso batedor de carteiras. Como de costume, Bresson trabalha com não atores. Há uma espécie de desconforto dos que não atuam por profissão, que é canalizado de maneira orgânica e hábil pelo realizador como estado de espírito e atributo definidor dos personagens. Bresson não se importa muito com a geografia dos espaços, dando especial atenção às suas desiludidas criaturas, sem qualquer traço de paternalismo ou algo do gênero. Roubar carteiras é um meio de subsistência para Michel, mas ele não o faz pela recompensa financeira, e sim para se sentir vivo, para conferir alguma textura a sua existência. Percebemos então que todas as figuras de Pickpocket são assim, como que levadas por uma enxurrada, em busca de algo em que se agarrar para sobreviver.

A conversa que sucedeu a exibição foi ótima, a melhor até agora, justamente por que contou com uma boa interação da plateia. Conversamos bastante sobre o filme, sobre Bresson, e quando nos demos conta já discutíamos Resnais, Cidadão Kane, neo-realismo italiano, cinema americano e outros assuntos que espontaneamente se infiltraram, assim como acontece nas boas conversas, em que um contexto emenda outro. Hoje é o último dia da Mostra, com a exibição de Hiroshima Meu Amor, de Alain Resnais. Espero por vocês lá às 19h.

Mostra #03 - Quem Matou Leda?


Ontem, por volta das 18h, caiu uma chuva torrencial em Caxias do Sul. Como nosso deslocamento até o SESC é feito a pé, obviamente encaramos (eu e o Conrado) a sessão de Quem Matou Leda? encharcados, assim como os outros cinco presentes, creio. O terceiro filme de Chaude Chabrol, seu primeiro colorido, deixa clara uma queda acentuada para o suspense que marcou sua carreira, para as histórias de aparências. Exemplo é a mulher (linda) do início, flertando descompromissadamente com alguns homens, forma, aliás, interessante de apresentar a composição da casa. Logo somos levados a pensar: “é a Leda do título”, mas com o decorrer da trama, percebemos que além de não ser (seu nome é Julie), ela é a empregada desta residência abastada do interior da França, sem muita importância vital para o restante do filme, utilizada apenas para desviar momentaneamente nosso olhar. A dita moradia abriga um turbilhão emocional, com a infidelidade paterna, a apatia do filho, a passividade da filha, que mantém relacionamento com o “abusado” Lazslo, e o sofrimento quase masoquista da mãe que presencia seu marido a traindo com a vizinha artista, a tal Leda do título.

Confesso que Quem Matou Leda? não me agradou muito. O desenrolar da trajetória familiar pareceu reiterativo demais, e o posterior “quem matou” fica relegado ao segundo plano, diante ainda de uma exposição inconstante de personagens. Saber no final das contas quem matou Leda não soa lá muito relevante. Utilizar o assassinato apenas como meio de potencializar as relações familiares pedia justamente uma construção menos trepidante de personagens e da atmosfera que os circunda.  Por certo o filme tem momentos de iluminação, como a maneira engenhosa com que Chabrol insere os flashbacks, que geralmente acabam na troca de ponto de vista de algo já conferido anteriormente. Quem Matou Leda? tem a característica dos primeiros filmes dos grandes diretores, com momentos bastante fortes, mas ainda carentes da maturidade que seus criadores adquiririam com o tempo e a vivência no cinema.

A conversa após a sessão foi bem interessante, e ainda mais informal, já que se interessaram por ela apenas três pessoas, sendo duas delas funcionárias do SESC. Hoje tem Pickpocket, de Robert Bresson, à partir das 19h. Espero vê-los lá.

Obs.: Post originalmente publicado no dia 12/05/2011. A repostagem foi necessária devido a um problema em grande escala no blogger,  que acabou acarretando no apagamento dos comentários e postagens do dia 12.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mostra #02 - Os Incompreendidos


Revistar Os Incompreendidos, a obra que marcou o início da carreira cinematográfica de François Truffaut, é sempre um prazer, um deleite para nossos olhos constantemente bombardeados pela parca qualidade da maioria dos filmes contemporâneos. Antoine Doinel, alterego do diretor, é outro marginal, característica, aliás, dos protagonistas de alguns dos melhores filmes da nouvelle vague, por não se encaixar nos moldes ditados pelos poderes institucionalizados e reguladores da sociedade. Antoine não se adéqua à escola, não vê nela um espaço para si, assim como se percebe deslocado no seio familiar, este degradado por traições, dissimulações e falta de afeto. Doinel só encontra alforria na rua, local de descobertas e da livre exploração de um mundo que tratará de lecionar a ele algumas coisas valiosas.

Antoine Doinel lá pelas tantas se vê preso, encarcerado por não ser como a maioria, um modelo inadequado. Abandono dos pais, opressão do sistema, tudo conspira para que ele não chegue a lugar algum e, no fundo, baseado em suas próprias vivências, Truffaut com este filme nos diz que as engrenagens que movem a máquina, por vezes só tratam de massificar e apequenar algumas ambições pessoais. Fugir pode ser a solução, correr para a contemplação das torrentes do amplo mar que se desnuda frente a nossas expectativas pode ser o caminho para esta liberdade que tanto almejamos. 

A conversa ontem no SESC foi boa, eu e o Conrado não parávamos de tagarelar, externando nossa paixão tanto pelo filme quanto pelo movimento em si. Das dez pessoas que viram Os Incompreendidos, seis (incluindo aí duas do SESC) ficaram para a conversa, e tivemos intervenções interessantes que amplificaram a experiência. Continuo pesaroso apenas pela pouca frequência do público, e não me venham com a desculpa de frio e chuva, pois eles, por exemplo, não são empecilhos para que os bares e casas noturnas encham por aqui. É como eu disse ontem, falta àlgumas pessoas se permitirem novas experiências, que as tirem de seus cotidianos viciados.

Todos convidados hoje para a sessão de Quem Matou Leda?, de Claude Chabrol, à partir das 19h no SESC Caxias do Sul. Se tiver tempo (no momento estou atolado num trabalho de faculdade), escrevo amanhã também sobre esta sessão.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mostra #01 - Acossado


Jean Paul Belmondo caminha meio sem lenço e sem documento pelas ruas parisienses em Acossado, uma das obras-primas de Jean-Luc Godard. Ele é um marginal, não só por matar um policial rodoviário ou pelo furto recorrente de automóveis, mas também por representar os que vivem à margem de uma sociedade centrada no sucesso financeiro, na fidelidade às marcas e ao estilo mais burguês possível. Michel Poiccard, o personagem que Belmondo defende de maneira icônica, ecoa anos depois em O Bandido da Luz Vermelha de Sganzerla, este também protagonizado por uma charmosa e instigante figura do submundo amoral. A verdade é que Acossado ressoa em um monte de outros filmes, em outras formas de arte, faz escola, e por isso é tão importante.

Nele, Godard, meio que para reduzir a duração dos cortes iniciais do filme, meio que para atender aos instintos geniais de sua criação, brinca com a montagem e a nossa percepção de espectador, acelera e esfrega em nossa cara o espetáculo que o cinema proporciona, e a inabalável empatia gerada quando este é bom e instigante. Obviamente não foi só Sganzerla que Acossado influenciou, e meu irmão Rafa, após a sessão, fez um paralelo interessante entre o final do filme e uma cena específica de Cidade de Deus (aqui não conto, pois um dos meus mandamentos é “não proferirá spoilers de maneira alguma"), mas se debruçar sobre este aspecto seria expandir em demasia o texto que, a bem da verdade não se propõe a isto. Dica para um próximo post, quem sabe.

O debatedor da noite disse que não se afeiçoava tanto ao filme por entender que nele a forma por vezes sufocava o conteúdo, que a história era rasa e que o roteiro se apresentava frouxo. Não externei (deveria) minha discordância, que só fui mencionar ao Rafa, quando nos direcionávamos à parada de ônibus. Pensar que Acossado tem somente na forma seu sustentáculo é cair na armadilha das aparências, se deixando levar pelo epidérmico. O conteúdo e suas ressonâncias, camuflados em meio a um fio condutor simples, até banal, são realmente sublinhados bastante pela forma godardiana, mas, por exemplo, não dá para fechar os olhos para a vanguarda em que está inserido também no que tange às questões comportamentais que o substancial abarca. O fio que conduz pode ser simples, mas o conteúdo vai além desta linha, e se o roteiro de Acossado é frouxo, eu não sei mais como é um roteiro bem amarrado. Se “frouxo” fosse no sentido de “livre”, aí eu concordaria e assinaria onde precisar, mas não foi o caso do comentário. Então, discordo do palestrante apenas nisto, de resto foi uma ótima conversa, principalmente aos não iniciados na nouvelle vague

Este texto meio fragmentado, originalmente não era sobre Acossado, e sim estritamente sobre a sessão do mesmo, ocorrida ontem durante a Mostra 1959 – o Ano Mágico do Cinema Francês, mas é o que dá querer tergiversar sobre um filme tão importante, ele acaba se impondo. Sobre a exibição, a pouca adesão de público foi o único senão, e as doze pessoas (estimo) que foram, que saíram de casa e encararam o frio da Serra Gaúcha para encontrar Godard e sua obra seminal, não se arrependeram (pelo menos acredito que não). De minha parte, foi excelente poder rever um filme que da primeira vez não tinha me impactado tanto, mas que agora, à luz da evolução que o tempo e o constante apuro do olhar e da percepção trazem, se mostrou pleno e arrebatador, justificando a fama que o precede. 

Vamos assistir hoje, à partir das 19h, Os Incompreendidos, de Truffaut? Aguardo-os no Sesc Caxias do Sul.

domingo, 8 de maio de 2011

Fabricação em série, não de série.



Olá, caro amigo-leitor!

2001. Ano de uma Odisséia no espaço aéreo norte-americano. Detentor dos direitos sobre a obra: Osama Bin Laden, terrorista e líder da temida Al-Qaeda. Perplexidade. O mundo inteiro mergulha em inércia, embasbacado perante o tombamento de um dos mais latentes símbolos capitalistas e, representante por excelência da hegemonia econômica ianque. Correria, fumaça, sirenes, vítimas, vistas anuviadas.

2011. Ano de Gotcha!. Tiros, não em Columbine. No Paquistão. Soldado. Anônimo. O líder religioso e político tem sua linha vital interrompida, após anos de perseguição. Todos em seu encalço e, talvez o detentor do dedo que apertou o gatilho, me foge a quantidade de vezes, pouco soubesse o porquê exatamente fazia aquilo, daquela forma. Apenas cumpria ordens. É um herói, ainda que sem nome e endereço. Apenas nacionalidade. Orgulho americano. A maior realização da vida. Sem divulgação, não lhe serve de nada. A mídia não tem forma de o formar.

Soube da notícia que toma espaço grandioso na imprensa do planeta há dias, no final de uma noite, pouco antes do pronunciamento oficial de Obama, quando fontes não oficiais já forneciam a notícia aos meios de comunicação. O arauto dela, meu irmão Marcelo, disse: “Rafa, pelo que li na internet, o Osama Bin Laden morreu. Quanto tempo será necessário para a realização de filmes, tendo como núcleo o “inimigo número um das Américas”?

O homem responsável pela injusta generalização e desconfiança inescrupulosa na população árabe, os tomando como bandidos, homens explosivos, terroristas, antes de qualquer tipo de embasamento, será alvo certamente da indústria cultural. Difícil uma terminologia que seja tão paradoxal. Mas essa o é. Comércio e cultura, lado a lado, em recíproca ação parasita. Camisetas, chaveiros, jogos, filmes, livros, e por aí sem destino limítrofe. Será que Osama sofria bullying na infância? Provável, afirmariam sem gaguejos ou inibição os sensacionalistas de sentidos apurados.

Pronto. Perfeito. Encontramos a fonte de todos os problemas do mundo: o bullying. Até que as pessoas sofressem agressão e represália alguma se efetivasse, tudo certo, em seu devido lugar. A notícia e a repulsa forçam passagem perante o surgimento de um Davi contemporâneo. Satanás, o anjo excomungado do convívio com seu criador, teria sofria mal semelhante? Boa, eis um belo mote para que a indústria fabrique em série signos de uma “cultura” cada vez mais banalizada e enfraquecida.


Abraçossss

sábado, 7 de maio de 2011

Meu amor pelo cinema


Minha cinefilia não se iniciou junto com a curiosidade pelo mundo, pelas descobertas mais cotidianas. Não fui alguém influenciado pelos pais, levado constantemente desde a mais tenra idade às salas de projeção. Tive de descobrir por minhas próprias pernas a validade que a sétima das artes traz para uma compreensão abrangente de quem somos, do que podemos ou não podemos, das agruras e belezas da terrena alma humana. Meu pai foi comigo uma vez a um cinema já decadente, no ocaso de meus quatro anos, para mostrar-me a paixão que em mim ficou semi-adormecida quase até a maioridade. Fui pouco ao cinema até os dezoito anos, sei lá, não me interessava, ou me faltava estímulo. Mas evito colocar culpas e transferir aos outros minha inércia ante as possibilidades dos filmes, que eu percebia naquela época como meros entretenimentos, sem qualquer tipo de ressonância posterior possível.

Não tenho grandes histórias para contar de matinés em que ia com amigos, ou qualquer surto de iluminação precoce por conta de uma obra-prima. Não fui uma criança ou mesmo um adolescente que via filmes em preto e branco, quiçá mudos. Preferia os desenhos animados, as histórias arquetípicas de heróis e heroínas fictícios que povoavam meu imaginário. Ainda bem que a gente evolui, ou se pensa evoluído. Quando senti o gosto doce que o cinema pode deixar após uma sessão, através da comunhão entre o “eu” e a tela, iluminada que é por histórias mil, por trajetórias das mais diversas, não necessariamente possuidoras dos finais que eu esperava, ou mesmo dos desfechos mais previsíveis, senti que havia naquela relação algo de diferente. Quando senti o gosto amargo e reflexivo que permanece após filmes focados na exploração profunda da alma ou da miséria humana, e ao perceber por meio das mais variadas lentes que o mundo e, por conseguinte, as pessoas, podem ser mecanismos muito mais complexos do que minha vã filosofia propunha, senti que algo se quebrara, e que a reconstrução me proporcionava a evolução pessoal que nem imaginava almejar.

Amar o cinema é, como toda forma de amor, um constante processo de abdicação. Ele pede que deixemos para trás nossos preconceitos, para que sejamos melhores e aptos acompanhar suas mudanças. Amar o cinema é ser crítico e abrangente, não inflar o ego para proferir ao outro seu pedantismo, espezinhar um filme por pura falta de conhecimento intelectual ou até mesmo por birra acadêmica. Amar o cinema é entregar-se ao prazer de filtrar as experiências que nos são passadas pela sensibilidade de artistas tão diversos, preocupados com causas tão distintas que quando menos esperamos já nos tornamos possuidores do dom de compreender um pouco melhor o mundo, como ele bem merece. Não nasci ou cresci vendo filmes. Descobri o amor pelo cinema mais tarde, quando já tinham se passado as fases da inocência e da euforia, mas costumo dizer que não o encontrei “tarde”, e sim no momento certo. Não é assim em alguns filmes românticos? Pouco importa quando e onde, e sim se de fato nos depararemos, em meio ao caos, com nossos grandes amores.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mostra 1959 – O Ano Mágico do Cinema Francês


O fim dos anos 50, começo dos 60, marcou o surgimento da nouvelle vague, um dos mais libertários e significativos movimentos cinematográficos da história. Para reverenciar em retrospectiva o período, ocorre na próxima semana, no SESC Caxias do Sul, a Mostra 1959 – O Ano Mágico do Cinema Francês, com a exibição, seguida de debate com convidados, de alguns dos mais importantes exemplares desta revolução que adveio da França. Segue abaixo o programa completo. Não percam.

CINE SESC
Mostra 1959 – O Ano Mágico do Cinema Francês
Local: Teatro do Sesc - Rua Moreira César, 2462 – Caxias do Sul - Fone: 3221-5233
Horários: 16 horas exibição dedicada aos clubes da maturidade ativa 
               19 horas exibição comentada por convidados. 
Entrada franca.

Data: 09/05 – Acossado – Direção de Jean-Luc Godard
Classificação: 12 anos - Convidado: Uili Bergamin

Data: 10/05 – Os Incompreendidos – Direção de François Truffaut
Classificação: 14 anos - Convidado: Conrado Heoli

Data: 11/05 – Quem Matou Leda: - Direção de Claude Chabrol
Classificação: livre - Convidados: Conrado Heoli e Marcelo Müller

Data: 12/05 – Pickpocket – Direção de Robert Bresson
Classificação: livre - Convidado: Marcelo Müller

Data: 13/05 – Hiroshima Meu Amor – Direção de Alain Resnais
Classificação: 14 anos - Convidados: Conrado Heoli e Marcelo Müller

Parceiros: Aliança Francesa de Caxias do Sul, The Tramps – Blog de Cinema, Cultura e Literatura e Dex Comunicação.
Realização: SESC Caxias do Sul – Rua Moreira César, 2462 - Fone: 3221-5233


Como podem ver, o The Tramps estará presente, como apoiador do evento. Eu (Marcelo) e o Conrado realizaremos a maioria dos debates e/ou conversas sobre este período tão rico e pontual da cinematografia francesa e mundial. Aguardamos vocês por lá.