sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mostra #03 - Quem Matou Leda?


Ontem, por volta das 18h, caiu uma chuva torrencial em Caxias do Sul. Como nosso deslocamento até o SESC é feito a pé, obviamente encaramos (eu e o Conrado) a sessão de Quem Matou Leda? encharcados, assim como os outros cinco presentes, creio. O terceiro filme de Chaude Chabrol, seu primeiro colorido, deixa clara uma queda acentuada para o suspense que marcou sua carreira, para as histórias de aparências. Exemplo é a mulher (linda) do início, flertando descompromissadamente com alguns homens, forma, aliás, interessante de apresentar a composição da casa. Logo somos levados a pensar: “é a Leda do título”, mas com o decorrer da trama, percebemos que além de não ser (seu nome é Julie), ela é a empregada desta residência abastada do interior da França, sem muita importância vital para o restante do filme, utilizada apenas para desviar momentaneamente nosso olhar. A dita moradia abriga um turbilhão emocional, com a infidelidade paterna, a apatia do filho, a passividade da filha, que mantém relacionamento com o “abusado” Lazslo, e o sofrimento quase masoquista da mãe que presencia seu marido a traindo com a vizinha artista, a tal Leda do título.

Confesso que Quem Matou Leda? não me agradou muito. O desenrolar da trajetória familiar pareceu reiterativo demais, e o posterior “quem matou” fica relegado ao segundo plano, diante ainda de uma exposição inconstante de personagens. Saber no final das contas quem matou Leda não soa lá muito relevante. Utilizar o assassinato apenas como meio de potencializar as relações familiares pedia justamente uma construção menos trepidante de personagens e da atmosfera que os circunda.  Por certo o filme tem momentos de iluminação, como a maneira engenhosa com que Chabrol insere os flashbacks, que geralmente acabam na troca de ponto de vista de algo já conferido anteriormente. Quem Matou Leda? tem a característica dos primeiros filmes dos grandes diretores, com momentos bastante fortes, mas ainda carentes da maturidade que seus criadores adquiririam com o tempo e a vivência no cinema.

A conversa após a sessão foi bem interessante, e ainda mais informal, já que se interessaram por ela apenas três pessoas, sendo duas delas funcionárias do SESC. Hoje tem Pickpocket, de Robert Bresson, à partir das 19h. Espero vê-los lá.

Obs.: Post originalmente publicado no dia 12/05/2011. A repostagem foi necessária devido a um problema em grande escala no blogger,  que acabou acarretando no apagamento dos comentários e postagens do dia 12.

Um comentário:

  1. Olá, Celo!
    Não pude comparecer, mas a imagem que escolheu para o post é excelente.

    Abraçosss

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