A versão de O Morro dos Ventos Uivantes dirigida por Andrea Arnold é uma
construção poética que mescla a natureza em curso e o amor condenado de Heathcliff
e Catherine. Desde a chegada do menino, recolhido pelo pai da família como
sinal de bom cristianismo, a mudança dos ciclos da natureza desempenha papel
imprescindível, assim como as paisagens que parecem exteriorizar a geografia
interna dos personagens. Muita chuva, ventos que sibilam por entre as colinas
onde o afeto tenta furar o bloqueio da intolerância e do preconceito, closes de
animais em seus rituais cotidianos, terrenos acidentados que dificultam os
deslocamentos, enfim, essa relação do meio com o indivíduo é bastante acentuada
na visão de Arnold, até onde lembro, um dos filmes recentes que melhor utiliza
os cenários como elemento dramático.
O que temos não é uma reverencial
versão cinematográfica do romance já bastante adaptado, mas sim a interpretação
do mesmo segundo uma visão bastante singular, não escrava da palavra impressa, esforçada
em traduzir em imagens as sensações e outros dispositivos intangíveis, ou seja,
tornar visível o invisível. Arnold, que havia anteriormente trafegado pela
urbanidade, se embrenha no inóspito como que para fazer emergir sentimentos
mais elementares, mediados pela natureza, a externa e a dos personagens. Esta
versão de O Morro dos Ventos Uivantes
mostra que o ódio e a violência são inerentes tanto ao humano quanto ao mundo
que o cerca, enquanto o amor e o carinho são árduas conquistas.
Obrigada pela força e pelo incentivo Marcelo =) Aliás sempre.
ResponderExcluirPior é que lendo aqui, fico com uma impressão diferente de antes, muito melhor ;)
beijos
Oi, Carol
ResponderExcluirQuando se animar, assista, pois acho que vai acabar gostando bastante.
Para mim, é o melhor filme da Andrea Arnold.
Beijos
Belo texto, Celo, belo texto.
ResponderExcluirValeu, Rafa.
ResponderExcluirAbraços