sábado, 12 de julho de 2014

O Morro dos Ventos Uivantes


A versão de O Morro dos Ventos Uivantes dirigida por Andrea Arnold é uma construção poética que mescla a natureza em curso e o amor condenado de Heathcliff e Catherine. Desde a chegada do menino, recolhido pelo pai da família como sinal de bom cristianismo, a mudança dos ciclos da natureza desempenha papel imprescindível, assim como as paisagens que parecem exteriorizar a geografia interna dos personagens. Muita chuva, ventos que sibilam por entre as colinas onde o afeto tenta furar o bloqueio da intolerância e do preconceito, closes de animais em seus rituais cotidianos, terrenos acidentados que dificultam os deslocamentos, enfim, essa relação do meio com o indivíduo é bastante acentuada na visão de Arnold, até onde lembro, um dos filmes recentes que melhor utiliza os cenários como elemento dramático.

O que temos não é uma reverencial versão cinematográfica do romance já bastante adaptado, mas sim a interpretação do mesmo segundo uma visão bastante singular, não escrava da palavra impressa, esforçada em traduzir em imagens as sensações e outros dispositivos intangíveis, ou seja, tornar visível o invisível. Arnold, que havia anteriormente trafegado pela urbanidade, se embrenha no inóspito como que para fazer emergir sentimentos mais elementares, mediados pela natureza, a externa e a dos personagens. Esta versão de O Morro dos Ventos Uivantes mostra que o ódio e a violência são inerentes tanto ao humano quanto ao mundo que o cerca, enquanto o amor e o carinho são árduas conquistas.

4 comentários:

  1. Obrigada pela força e pelo incentivo Marcelo =) Aliás sempre.

    Pior é que lendo aqui, fico com uma impressão diferente de antes, muito melhor ;)

    beijos

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  2. Oi, Carol

    Quando se animar, assista, pois acho que vai acabar gostando bastante.

    Para mim, é o melhor filme da Andrea Arnold.

    Beijos

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