terça-feira, 1 de janeiro de 2013

De Paris a Manhattan


Em Sonhos de um Sedutor, dirigido por Herbert Ross nos idos de 1972, o personagem de Woody Allen, fã incondicional de Casablanca, colhe conselhos amorosos numa projeção de Humphrey Bogart. Bogie é verdadeiro símbolo da geração crescida ao som de As Time Goes By. Quarenta anos depois, o próprio cineasta nova-iorquino personifica o ideal de outrem, ou seja, surge como farol. No filme Paris-Manhattan, de Sophie Lellouche, Alice é a bonita farmacêutica que tateia o amor sob os ditames de seu ídolo Woody Allen. A arte se infiltra na vida e vice-versa.

Filme delicioso, Paris-Manhattan tem em sua própria estrutura algumas homenagens ao cinema do diretor de A Rosa Púrpura do Cairo (onde, aliás, também existe a interferência da ficção). A maior delas diz respeito aos dois principais homens que cortejam Alice: um é charmoso e apreciador de artes; o outro é um simples técnico de alarmes que parece muito mais conectado com a “verdade das coisas”. Quem conhece as obras de Allen sabe de sua ojeriza por tipos pedantes e/ou pseudo-intelectuais, e, com base nisso, já se pode imaginar para que lado penderá nossa simpatia no filme de Lellouche.

Construir e desconstruir ideais na constante busca por felicidade é um dos caminhos apontados por Paris-Manhattan, comédia romântica que se deixa ver bem, justamente pela sinceridade com a qual apresenta personagens e situações. Obra apropriada, sobretudo, aos enamorados e fãs de Woody Allen. Se os dois, melhor ainda.

3 comentários:

  1. Celo!
    Anotarei aqui para ver com a Gringa.
    Deve realmente ser delicioso.

    Abraços

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  2. (pra variar) muito bom ler seus textos, pois eles quase sempre expressam o que nós leitores gostaríamos de dizer..
    beijos

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  3. Rafa: assista sim, acho que tu e a Isa irão adorar.

    Carol: obrigado, foi muito bom poder assistir contigo esse. :)

    beijos

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