quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Angústia Lunar

Em resumidas palavras (recurso do qual me valho neste texto não por preguiça, e sim por medo de que o mesmo adiante detalhes cruciais da trama a quem ainda não viu o filme), Lunar fala sobre um homem que reside a trabalho numa base lunar. Ele, Sam Bell (numa arrebatadora interpretação de Sam Rockwell), vive a expectativa de voltar para casa, para sua esposa e filha, após três anos de extrema solidão, atenuada, é verdade, pela presença quase humana do computador Gerty, que zela por ele.

A estreia de Duncan Jones no cinema não poderia ser mais promissora. Longe de ser apenas o filho do ícone do rock David Bowie, o diretor, que em Lunar também é um dos roteiristas e responsável pelo argumento, mostra uma clara vocação para o ofício de narrar. Seu debut, que vem sendo merecidamente elogiado pela crítica internacional pelo vigor e pretensão justificada, apresenta ecos de Stanley Kubrick e Andrei Tarkovsky, autoridades da ficção científica espacial com seus trabalhos contemplativos, lentos e existenciais. Muito bem poderia Duncan ter utilizado estas referências mais óbvias como muleta, se valendo da arte de “homenagear” como subterfúgio para justificar o "requentamento" de clichês e elementos que em obras seminais fizeram a diferença por seu caráter vanguardista. Felizmente, o que Lunar denota é que Duncan não pretende apenas figurar no showbizz como filho de Bowie, e que ele também não se mostra propenso a ser mais um acomodado imitador. Talento, ele parece ter de sobra.


3 comentários:

  1. Estou louca pra ver!! Acho que esse filme promete!
    Sou muito fã do Sam Rockwell e fico imaginando ele estrelando um filme desse calibre que pela sinopse e por alguns elementos pode não agradar a muitos, mas penso que pelo elenco e pela amarração do roteiro o filme não deixa nada a desejar.
    beijos

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  2. É gratificante ter sangue do Bowie fazendo cinema - e de qualidade! Mas deixando de lado a associação inevitável com o pai, Duncan Jones é tão competente que merece ser visto isoladamente, sem associações, como um dos grandes talentos que estão se revelando no cinema norte-americano.

    "Moon" pode ter um ou outro problema, como no CGI ou na previsibilidade de certas situações, mas estes são pequenos e não diminuem a força do filme.

    Abraços Celo!!

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  3. Olá, Celo!
    Como bem sabe, dormi quando fomos assistir à "Lunar". Nada pessoal com o filme, pessoal sim, mas comigo. Assim que me sentir recuperado de minha debilidade, por assim dizer, tentarei mais um incursão, que me parece, promissora.

    Abraçosss

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