sábado, 19 de junho de 2010

Toy Story 3: Como se encerra um ciclo?


Esta parece a pergunta crucial de Toy Story 3 que, se não exclui a possibilidade de sequências, promove uma mudança drástica na mitologia criada há mais de 15 anos por John Lasseter e todas as mentes criativas que compõe a Pixar, possivelmente a casa das melhores ideias do atual cinema americano.

Andy, o menino dono dos brinquedos, aquele que adora Woody, mas que é encantado também por Buzz, está indo para a faculdade, mudando, crescendo, deixando de ser criança, fazendo o que qualquer ser humano, pelo menos em tese, deveria fazer: evoluir. E é aí que os brinquedos perdem o chão, já que seu dono, ou melhor, amigo, ao virar um adulto, em tese também, não precisará mais deles. Doação? Sótão? Deserção? Alguns deles já passaram por isso, pela situação de não serem mais importantes, isto porque a criança que outrora os adorava não existe mais, pois geralmente deu lugar a um adulto ocupado demais para brincar com vaqueiros que salvam o dia ou homens do espaço que lutam contra porquinhos-cofre. É difícil ver um filme que aborde com tanta clareza temas como solidão, o peso da passagem do tempo, a dor da perda e da rejeição, amizade, arquétipos e estereótipos. Ainda mais se pensarmos que este filme é uma animação, gênero que no senso comum é atrelado às crianças. Como seus antecessores, Toy Story 3 ainda é um filme para todas as idades, nem soando abestalhado aos adultos ou fechado ao puro e lúdico olhar das crianças. É certo que esta terceira parte tem mais elementos só compreensíveis aos mais velhos, como quando se pega no pé de Ken, por conta de sua metrossexualidade, termo que imagino não fazer parte do vocabulário de uma criança de três anos, que mesmo assim ainda fica grudada na poltrona, como a maioria delas na sessão em que eu estava, aliás, dando uma aula de comportamento a adolescentes e adultos cada vez mais barulhentos.

E os tais ritos de passagem, as mudanças provocadas pelo transcorrer inexorável do tempo, são a tônica deste terceiro episódio, ainda mais belo em sua técnica apurada, ainda mais ambicioso e exitoso no que diz respeito a discutir, com a mesma narrativa fluida dos episódios anteriores, é verdade, os temas supracitados que, queiramos ou não, nos afetam, de alguma maneira, em algum momento. A Pixar mostra que encerrar um ciclo, como acontece com Toy Story 3, não significa fechar portas, guiar-se pala cartilha da mesmice, ou mesmo contentar-se em manter o sucesso à custa do passado. Se fosse um time de futebol, e a comparação me parece válida pela ocasião, a Pixar não se guiaria pela máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”. Seria ela no futebol, como parece idealizada no mundo do cinema, um time que certamente mantém o que está certo, sem abdicar de jogar para frente, de criar e expandir seu repertório. E como  a Pixar joga bonito. Toy Story 3 é um gol de placa, um ponto e vírgula magnífico nas adoráveis histórias de Woddy, Buzz, Slinky, Sr. e Sra. Cabeça de Batata, Porquinho, Rex....

Ps.: Já saudoso dos personagens...
Ps²: Sim, fui às lágrimas. Vejam e me digam se é possível contê-las.
Ps³: A participação especial que faz alusão às referências dos profissionais da Pixar é sensacional.

3 comentários:

  1. Marcelo querido!

    Como eu já esperava seu texto sobre "Toy Story 3" está excelente, contagia o leitor sabe?! Por coincidência ou não, por ter afinidade contigo em especial no que diz respeito ao gosto pelo cinema e por alguns gêneros , talvez eu tenha me identificado demais com o texto.
    Não foi só você que foi as lágrimas não, sua amiga carioca balzaquiana também foi rsrs. E tenho certeza que além de nós ,mais uma ala adulta se emocionou com esse filmaço que é Toy Story 3, o que eu mais gostei dos 3!! Por isso concordo quando diz que nesse caso, as sequências são muito bem vindas, por serem muito bem feitas!!
    Também estou saudosa desses personagens encantadores, muitoo fofos e adoráveis!!!
    Tudo no filme é lindo, mágico, gostoso de ver,não dá vontade que o filme acabe!
    Muito bacana constatar que adultos que não tem filhos inclusive se agradem tanto de Toy Story 3! Aquilo que vc comentou comigo, de a sessão estar em meio a um clima de "silêncio" em pleno filme infantil, eu concordo totalmente, pois experimentei a mesmíssima sensação, como se o filme capturasse a atenção de adultos e crianças, fazendo-os ficarem atentos sem piscar.
    Queria ter assistido esse filme contigo e podido conversar a respeito imediatamente depois =)

    Parabéns pela postagem :)
    beijos
    Carol

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  2. Oi, Celo!
    Belo texto, Celo. Este terei de verificar no cinema, pois caso minha atitude penda para o oposto de minha vontade, não me perdoarei com facilidade.

    Abraçossss

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  3. É impossível para mim tecer quaisquer comentários para Toy Story que não sejam extremamente passionais. Por isso mesmo, resumo a trilogia e o capítulo final dela como sendo perfeitos. E sim, também chorei horrores. hahaha

    Abraços Celo!

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