sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Além da Escuridão – Star Trek


Começo sinalizando: não sou trekker (denominação dos fãs de Jornada nas Estrelas), mal sei diferenciar Volcanos de Klingons. Todavia, fiquei bastante empolgado com o reboot da franquia, encabeçado por J.J. Abrams em 2009, sinal de vida nova numa série que parecia fadada a gerar filmes aquém de seu próprio culto. A então ótima resposta nas bilheterias, seguida da afirmação de Abrams como o novo queridinho de Hollywood, tornaram certa a continuação que chega agora cercada de expectativa aos cinemas.
Além da Escuridão – Star Trek começa durante missão complicada de Kirk (Chris Pine) e companhia num planeta primitivo à beira do colapso. Em dado momento, o capitão precisa decidir entre a regra dos homens e a vida de um deles. Líder impulsivo e passional, ele opta pela manutenção de seu primeiro comandante, em sequência de grandes proporções visuais e dramáticas. A insubordinação de Kirk lhe rende punições e atrito severo com Spock (Zachary Quinto), este seguidor das leis para além de emoções e camaradagem. Mas logo os amigos se juntam novamente contra um vilão misterioso, alguém a quem a Enterprise precisa aniquilar. John Harrison (Benedict Cumberbatch) é o nome desse personagem familiar aos iniciados, que coloca em risco não apenas a Frota Estelar, mas também a paz entre os povos da galáxia.
J.J. Abrams parece mesmo ter encontrado fórmula eficaz para tornar o cifrado ideário trekker em algo de interesse comum, sem para isso trair ou deixar órfãos os cultores mais xiitas.   Repleto de ação, Além da Escuridão – Star Trek não é, entretanto, refém da parafernália tecnológica. Claro, ajuda muito ter à disposição ferramentas que possibilitem quase tudo em matéria de construção visual, mas o filme que Abrams dirige, reafirmando a curva ascendente de sua carreira, é sobre amizade e honra, atributos decorados pelos milhões de dólares que, a bem da verdade, fazem crível esse universo fantástico.
Ao trabalhar ainda mais a dualidade representada por Kirk e Spock, o roteiro escrito por Alex Kurtzman, Damon Lindelof e Roberto Orci (colaboradores freqüentes do diretor) retém a essência dessas figuras icônicas, duas faces da moeda cujo valor final é a liderança. O intempestivo Kirk aprende com o lógico Spock, e vice versa. Sozinhos, pendem a balança para um lado, mas juntos fornecem equilíbrio e êxito às missões. Ajuda muito ter um antagonista forte, que ofereça contraponto nuançado aos bravos exploradores. Aliás, quem são os verdadeiros vilões? Virtude e razão são, não raro, volúveis em Além da Escuridão – Star Trek.

Candidato a filme-pipoca da temporada, o novo longa de J.J.Abrams (que, em breve, estará à frente também de Star Wars) tem energia, boa trama, desenvolvimento esperto, muita criatividade visual e 3D bem utilizado. Além da Escuridão – Star Trek é divertido e emocionante (até cheguei às lágrimas lá pelas tantas), enfim, um ótimo programa para nerds ou não.


Publicado originalmente no Papo de Cinema

Um comentário:

  1. Celo!
    Ótimo quando assistimos a um filme para multidões que não menospreza a inteligência das pessoas. Entretenimento bom, num roteiro bem amarrado. Algo raro nos dias de hoje, mas sempre na moda.
    Dica anotada.

    Grande abraço.

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