domingo, 12 de abril de 2015

CINEMA A DOIS | RICARDO DARÍN – Nove Rainhas (2000)


Nada de fotografia exímia e conflitos existenciais. Nove Rainhas se sobressai pelo ritmo frenético e muito bem amarrado da trama que envolve dois trapaceiros prestes a se tornarem milionários pelo próximo e mais importante golpe de suas vidas.

Excelente química entre Ricardo Darín e Gaston Pauls, que atuam e são dirigidos a partir de um roteiro igualmente competente. Torcemos pelo vilão mais charmoso (risos) e envolvente do pedaço. Até quando ele extrapola na cafajestagem, esperamos seu triunfo. Penso que essa admiração advém de seu carisma, da grande capacidade de Darín para incorporar o espírito de cada personagem. Torcemos então pelo êxito dele, independentemente do caráter, pela consagração de sua meta, seja ela para o bem ou para o mal.

Nove Rainhas é absolutamente envolvente e, mais uma vez, prova o quanto o cinema argentino é eficiente e versátil. Darìn é um caso à parte, sem quase nenhum trabalho irregular em seu currículo. Ele se supera a cada atuação.
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Em Nove Rainhas estamos no submundo dos trambiqueiros, dos que vivem de pequenos ou grandes golpes. Nesse sentido, o filme de Fabián Bielinsky deve algo a Pickpocket, de Robert Bresson. Mas, as comparações param por aí. Uma olhada atenta nas ruas de Buenos Aires mostra a contravenção como orgânica no cotidiano. O personagem de Ricardo Darín faz parte dessa engrenagem ilícita da cidade, assim como o jovem que passa a ajudá-lo. Verdades e mentiras são separadas por uma linha tênue, atributo instável que delimita o labirinto pelo qual o roteiro nos leva. Como saber se a fala de fulano condiz mesmo com suas intenções? Ou como garantir que sicrano realmente pensa da maneira como responde?

À medida que a história se desenrola, com a possibilidade de um grande negócio, os elementos presentes vão se adensando. O vigarista experiente entra em desespero frente à oportunidade de faturar alto. No caminho, se depara com a família, sobretudo com o mal que lhe fez. O novato é um vigarista e tanto, mas se mantém estrategicamente à sombra. Além de ser um excelente thriller, de ritmo quase incessante, não apenas da ação, mas dos jogos praticados pelos personagens, Nove Rainhas reflete sobre as interpretações, colocando em xeque o falso e o verdadeiro, conferindo à encenação seu poder de direito, poder este utilizado pelo cineasta para nos engendrar na trama e, diegeticamente, pelos personagens como forma de mostrar superioridade.  






3 comentários:

  1. Obrigada pelo incentivo e pelas edições incansáveis rs!
    A foto ficou show =) E o post também!

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  2. Mais uma vez, agradeço a parceria nessa seção que tanto gosto de fazer por estas bandas.

    Vida longa ao nosso Cinema a Dois.

    Beijos

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  3. Mais uma falha imperdoável em minha vida cinéfila :(

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