domingo, 17 de maio de 2009

Homem de Fé X Homem da Ciência

Conheço muita gente que desistiu de LOST. Algumas destas pessoas, quando ficam sabendo que assisto e que sou fã fervoroso, dizem: “Ah, eu parei porque tá muito enrolado, é muita questão e pouca resposta, como tu aguenta?” Na verdade não é preciso “aguentar”, quando o resultado das cinco temporadas, até agora, é um produto audiovisual instigante, inteligente e que dá prazer em assistir. LOST é acusado de enrolar o espectador, de ter aura pseudo-intelectual e de segurar a audiência por meio das múltiplas questões que levanta e das reviravoltas de sua trama. Desculpem-me os detratores, mas a série idealizada por J.J Abrams, Damon Lindelof e Carlton Cuse é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores obras que surgiram nos últimos tempos.

Lembro do primeiro contato, aquele olho que se abria em primeiríssimo plano. Depois, o dono do olho, um homem de gravata, acordando atordoado, se deparando com o cenário catastrófico da queda de um avião na beira de uma praia, numa ilha inóspita. Sequência brilhante. Esta ilha ainda nos apresentaria Os Outros, o Monstro de Fumaça, a Iniciativa Dharma, transmutaria vilões em mocinhos, inverteria tudo novamente para, ao longo destes anos, nos estimular, apostando na inteligência de quem assiste, eventualmente perdendo alguns espectadores, mas, assumindo sua complexidade, instigando.

Ontem, assisti ao capítulo final da quinta temporada, infelizmente a penúltima da série. Se LOST já tinha me surpreendido muito pelo uso de alguns elementos, como a utilização brilhante de flashfowards, elemento narrativo que lembro pouquíssimas vezes de ter visto, e o não apego à personagens vitais, que morreram em prol da construção mais densa da trama, ontem ela me levou à derrubar algumas teorias próprias sobre seu mote, que eu vinha criando, pelo menos, desde a segunda temporada. Sempre pensei que LOST falava de ciência, que sua trama tinha todas suas explicações galgadas na física, na química, e em outras áreas do conhecimento. Desde ontem, meus mitos caíram por terra e, agora acredito (até que a própria série derrube minhas teorias e me surpreenda, mais uma vez), que o grande mote de LOST é a luta entre fé e ciência, tão bem representada pelo embate moral entre Jack (um médico, homem da ciência) e John Locke (um homem de fé) em temporadas anteriores.

Quem “aguentou” LOST até agora, creio que está satisfeito e instigado, tanto à saber o que acontecerá na sexta temporada, como à desvendar o que, ou quem, vive à sombra da estátua. A inversão do logotipo da série, sempre com fonte branca sobre um fundo preto, que encerra a quinta temporada de fonte negra sobre um brilhante e ofuscante fundo branco, pode decretar uma mudança significativa, uma virada de 360° que encerrará LOST de uma maneira que ninguém imaginou. A espera será longa, sete meses não passam tão rápido assim quando aguardamos ávidos por algo. Porém, tenho certeza que não será em vão, aliás, como nada até agora em LOST foi.

3 comentários:

  1. Olá, Celo!
    Compartilho seu sentimento por Lost, bela mostra de inteligência e público numeroso concomitantes. Fico triste por aqueles que não acreditam na série e, até mesmo, a condenam ser apenas um ponto de interrogação, quase questões retóricas, ou assim forçadas a se apresentarem. Não creio. E digo, sem medo de me enganar, o que acaba limitando o homem: acredito em Lost.


    Abraçosss

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  2. Olá Celo!

    Posso dizer com sinceridade que Lost me cansou. Gosto muito da trama, realmente inteligente, mas já não me sinto tão instigado e, se continuo acompanhando a série, é por esperar um desfecho satisfatório e pelas tão aguardadas respostas. Não posso negar, no entanto, as várias qualidades da série, uma das produções que direcionou meu olhar para o que era feito na televisão recentemente e me fez descobrir obras tão incríveis, como Dexter.

    Enfim, espero com vocês por mais alguns meses para finalmente ver como Lost terminará! Um grande abraço!!

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  3. Bem, minha tia acredito que a atual novela das oito realmente é a melhor e mais inteligente obra televisiva já criada.
    Cada um com a sua "grande obra".

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