sábado, 7 de novembro de 2009

Anselmo Duarte (1920 - 2009)

Morreu, na noite de ontem, Anselmo Duarte, um dos mais importantes artistas do cinema brasileiro. Dizem os críticos mais empedernidos que foi homem de uma obra só, aquela que detém, até hoje, o relevo de ser o único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, este o mais significativo prêmio do cinema mundial, no que tange sua abordagem como arte. O Pagador de Promessas foi ovacionado em sua passagem pelas telas francesas em 1962 e reza a lenda que foi o crítico e cineasta François Truffaut quem puxou o aplauso que garantiu a inesperada Palma de Ouro para o filme. Anselmo foi duramente criticado em seu próprio país pelos cinemanovistas, pois, segundo eles, realizava apenas filmes comerciais e apelava à estética de Hollywood. A verdade é que não se pode negar duas coisas: a relevância de Anselmo Duarte para o cinema nacional, mesmo por seus filmes menos reconhecidos pela crítica, já que sua carreira tanto de ator como de diretor é bastante extensa, e a importância de O Pagador de Promessas, sua obra maior. O filme é magnífico, e mesmo visto hoje, mostra uma resistência impressionante à passagem do tempo. A história de Zé do Burro é um dos grandes marcos do cinema brasileiro, nascido em plena efervescência do Cinema Novo, num registro à margem da estética proposta por este que foi o maior movimento cinematográfico que o país já presenciou. Acertaram em muitas coisas os cinemanovistas, mas erraram feio ao discriminar O Pagador de Promessas, fechando os olhos para suas inegáveis qualidades e importância. Ainda bem que, se a lenda é verídica, Truffaut ergueu as mãos ao final da projeção francesa e bateu palmas à obra de Anselmo.

Clique aqui para ler uma crítica que escrevi sobre O Pagador de Promessas quando vi o filme pela primeira vez.

2 comentários:

  1. "O Pagador de Promessas" é excelente e, como destacou, Celo, o tempo ainda não o fez obsoleto. Anselmo Duarte tem importância grande na cinematografia brasileira, ainda mais se olharmos casos de grandes filmes nacionais como "Deus e O Diabo na Terra do Sol", que não ganharam a Palma em Cannes.
    Homenagem merecida.

    Abraçoss

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  2. Mesmo com tempos do ocorrido, o falecimento de um dos grandes cineastas brasileiros permanece pesaroso como se houvesse ocorrido hoje.

    Abraços Celo.

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