domingo, 21 de março de 2010

Depois de mais um tupiniquim

Olá, amigo-leitor.

Faz relativamente pouco que me interesso por literatura e tenho, nos últimos meses, que talvez formem juntos um ou dois anos, cobrado de mim a leitura de obras nacionais, tendo em mente a vasto e riquíssimo produto que o Brasil disponibiliza, nem sempre de maneira democrática como o é seu governo, em tese. Pois bem, nessa odisséia particular agora confessa, segue Depois do Último Trem, do gaúcho Josué Guimarães.

Em suas 142 páginas, em edição da L&PM datada de 2000, Depois do Último Trem aborda o retorno do jovem Eduardo à sua pequenina cidade natal interiorana, Abarama, submersa em breve devido à construção de uma barragem. O clima fatalista, também estrutura de Enquanto a Noite Não Chega, de mesmo autor, carrega seus personagens em uma viagem inapelável, sem desvios, como que guiada por trilhos, onde os passageiros, na medida em que a estrada é deixada para trás, desembarcam em estações diversas, unidos ou solitários.

O ponto mais interessante e o qual Josué Guimarães molda os acontecimentos essenciais da trama, gira na órbita da relação conturbada de Eduardo e seu tio Lucas, diabético e trabalhador da estação ferroviária da cidade. O protagonista é alheio a esse laço de sangue, e uma imensurável amargura entrelaçada a um profundo ressentimento, coordenam suas ações e reações perante o tio.

Indubitavelmente, é um grande livro. Desperta em mim a certeza de que não será o último nacional apreciado, já que um povo culturalmente educado é um povo que reconhece a própria cultura, contudo sem menosprezar a realizada fora de suas fronteiras.

2 comentários:

  1. Olá Rafa,

    Do Josué Guimarães, li apenas "Enquanto a Noite não Chega", mas ele já foi suficiente para que a fatalidade, a melancolia de sua narrativa me pegasse por completo. Depois de suas elogiosas palavras, devo dizer que farei com que "Depois do Último Trem" passe à frente de alguns livros que esperam na minha imaginária fila de futuras leituras. E mais uma coisa. Gostei tanto de uma coisa que escreveu, que me permito parafraseá-la: "...m povo culturalmente educado é um povo que reconhece a própria cultura, contudo sem menosprezar a realizada fora de suas fronteiras."

    ABRAÇOS

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  2. Rafa!
    Ainda não li nada de Josué Guimarães, mas sei que o farei mais cedo ou mais tarde.

    Parabéns pelas palavras, guri!

    Abraços.

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