sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um dia no SWU: Impressões do festival de música e sustentabilidade

Um parente distante do Woodstock apareceu no Brasil no último final de semana prolongado – e fez sucesso digno de referência. Eu era um entre 56 mil pessoas que ocupavam freneticamente os poucos espaços livres da Fazenda Maeda, em Itú (São Paulo) no último domingo, dia 10. Todos com objetivo igual ou semelhante: o de ouvir boa música e confraternizar durante o SWU (sigla para Starts With You, ou Começa Com Você, traduzindo para nosso português).

O evento que utilizou a música para propagar uma mensagem de sustentabilidade foi organizado por Eduardo Fisher, que já pensa em uma nova edição para o festival. O publico dos três dias do SWU justifica tais planos: foram mais de 164 mil pessoas em 50 horas de programação.

No dia 10, quando estive presente, os shows principais eram de Kings of Leon e de Dave Matthews Band, mas outras apresentações garantiram meu aproveitamento e fizeram valer o investimento no ingresso não muito barato. A começar pela banda paulista Teatro Mágico, que encantou com performances circenses e letras poéticas para as poucas músicas do repertório (o grupo de Osasco foi prejudicado por atrasos na organização dos equipamentos e teve de fazer um show mais rápido).

Para aqueles que como eu quiseram fugir dos shows de bandas como Capital Inicial e Jota Quest, a opção era fazer um pequeno hiato nas apresentações circulando pelas instalações do Festival - um labirinto de garrafas pet e uma montanha russa que se locomovia com a energia gerada por bicicletas eram apenas alguns dos mais instigantes.

De volta aos shows, os estadunidenses do Sublime With Rome apresentaram seu repertório homogêneo com um vocalista apático (e evidentemente drogado), e rapidamente puderam ser esquecidos com toda a graça de Regina Spektor – que enfrentou problemas técnicos em uma setlist que privilegiou algumas de suas melhores canções, como On The Radio e Fidelity.

A surpresa dentre todas as atrações veio em seguida com Joss Stone que, ainda que me agradasse com sua bela voz, nunca me despertou muito interesse como cantora. Quando ela entrou entoando seu hit Super Duper Love, no entanto, mudei expressamente de opinião. Lindíssima e carismática, Joss levou na brincadeira (outros!) probleminhas técnicos e encantou toda a multidão com sua voz afinada e doce, que deixou claros os motivos para a musa ter cantado com nomes de peso como James Brown e ser constantemente comparada à Aretha Franklin. Fell in Love With a Boy (originalmente Fell in Love With a Girl, do duo The White Stripes) e Right to be Wrong apenas somaram ao show composto apenas por acertos.

Da apresentação de Dave Matthews Band tenho pouco a dizer. Já esperava com ansiedade o show do Kings of Leon, banda que me motivou a ficar estático em frente ao seu palco por mais de duas horas antes do concerto começar (os shows aconteciam em dois palcos diferentes, instalados um ao lado do outro). Por essa circunstância, curti as longas canções da banda assistindo seus músicos através de dois telões - que garantiam a felicidade daqueles que estavam mais distantes dos palcos.

Por fim, Kings of Leon. Os irmãos e primo Followill foram ovacionados assim que apareceram e abriram o show com Crawl, seguindo com um público que delirava ao som de Molly's Chambers. Canções esquecidas como Milk, California Waiting e King of the Rodeo, esperadas pelos fãs dos primeiros álbuns do conjunto, foram compensadas pelas inserções mais que obrigatórias de Bucket, Slow Night, So Long e Knocked Up. Para o público ocasional que conhece o lado mais pop da banda, os hits Sex on Fire e Use Somebody eram essenciais e não foram deixados de lado.

No geral, o SWU não deixou a desejar. Esteve bem próximo de seu propósito por todo o tempo, ainda que seu público tenha preterido o discurso pró-ecologia em benefício aos espetáculos musicais programados. Com alguns pequenos problemas em questões de infraestrutura, como no estacionamento e banheiros, tudo foi compensado pela ótima programação do festival – e digo isso com base em apenas um de seus três dias de duração.

2 comentários:

  1. Opa Kon,

    Independente das intenções dos organizadores, ganhar dinheiro ou fazer mesmo um evento pró-sustentabilidade, o que mais importa é o fato de ter sido um grande festival de música, com boas atrações e, ao que parece, boa aceitação do público.
    Que venha o segundo, para suprir esta carência de grande eventos musicias que nosso país tem.

    abraços

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  2. Olá, Kon!
    Bacana, cara. Tenho inveja em relação ao "O Teatro Mágico". Esses sim são artistas que fazem jus à classificação que levam.

    Abraçosss

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