quarta-feira, 30 de março de 2011

Cinema de modelar


Estes produtores e suas maravilhosas invenções. Sério, rio sozinho cada vez que sai a informação de que o “produtor Fulano de Tal” acabou de comprar os direitos de um jogo de tabuleiro para vertê-lo ao cinema. Hã? Confesso que também tenho vontade de ir a Los Angeles quebrar uma cadeira na cabeça do “produtor Beltrano” que “está tentando reunir time de notáveis profissionais para tirar do papel um filme emocionante sobre o brinquedo que fez muito sucesso na década de 80”. Sério? Mente para mim, e diz que isso não é só para que as empresas de brinquedos, jogos e outros divertimentos, vendam mais e mais, mesmo que o filme derivado seja uma bomba completa?

Não é de hoje que a crise afeta Hollywood, na verdade ela é cíclica, só muda a intensidade com o tempo. Está ainda mais difícil competir com o entretenimento caseiro, proporcionado por equipamentos cada vez mais acessíveis e de qualidade, ou mesmo pela facilidade em realizar downloads. A comodidade de não precisar sair de casa para conferir aquele filme que você tanto espera, sem entrar em filas ou passar por aborrecimentos numa “sessão comentada” por gente que não cala a boca, está fazendo as pessoas deixarem de lado o hábito de ir ao cinema. O encanto da tela grande parece atingir somente os que realmente gostam de cinema, e não apenas de filmes. Apesar de que até mesmo os cinéfilos mais xiitas tem se regozijado com audiências particulares, por conta da já citada balbúrdia que viraram algumas sessões públicas de cinema. 

Então, desesperados, os executivos de Hollywood estão buscando de tudo. Remakes já não satisfazem mais, agora a onda são as franquias e as adaptações de coisas que nunca imaginaríamos base de um filme, como os tais jogos e brinquedos. Alguém pensa em filmes realmente bons, que valham alguma coisa, adaptados de Batalha Naval, Candy Land, Monsterpocalypse, War, Detetive, e LEGO? E olha que esqueci alguns, até já em produção. É claro, o correto seria não criticar estas iniciativas de antemão, pois vai que por algum milagre do santo padroeiro dos produtores e executivos à beira de um ataque de nervos, destas propostas estapafúrdias resulte algum filme bom? Porém, sejamos sinceros. Confiar plenamente em tais intenções seria esperar um milagre, que pretende trazer consigo outro, o da multiplicação dos expectadores. É, o cinema industrial caminha a passos largos para um completo vazio.

2 comentários:

  1. Olá, Celo!
    Parabéns pelo pertinente comentário.
    Nessas horas que, infelizmente, o cinema deixa totalmente sua faceta artística de lado e se emaranha na indústria do entretenimento, muitas vezes a qualquer custo.

    Abraçosss

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  2. Sinais dos tempos? Uma pena sermos direcionados para um conformismo massificador que assola a população global quando o assunto é o cinema. É mais fácil não pensar, apenas sentir... Triste.

    Abraços, Celo!

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