quinta-feira, 17 de março de 2011

Descobertas musicais: sons que merecem mais ouvintes

Os tempos nunca foram tão delicados e ambíguos para a indústria fonográfica. Em meio a uma longa crise, promovida pela popularização dos canais ilegais que fornecem músicas sem custo algum, novos artistas se beneficiam com a pluralidade de gostos e a crescente segmentação do público. Os mais lesados, que não se adaptam a realidade dos novos tempos, soltam críticas pouco fundamentadas e vazias, como o recente ataque de Bon Jovi à Steve Jobs. Os mais espertos, sem muitas alternativas, desenvolvem estratégias criativas para driblar a situação, como acontece com os ingleses do Radiohead.

De toda forma, a música nunca esteve tão acessível para os mais variados gostos. Hoje, ouvidos atentos são agraciados com o que de melhor é produzido e distribuído em todo o globo. E é graças a (ou por culpa da) acessibilidade musical causada pelo meio virtual que grandes artistas do som apareceram para mim nos últimos tempos. Compartilho abaixo com vocês os que mais preencheram minha playlist nos últimos dias.

LOCAL NATIVES
Os caras da Local Natives, antes Cavil at Rest, conceberam seu som nos cenários prolíficos e caosmóticos de Los Angeles. Ainda brindam o considerável sucesso que o Gorilla Manor, seu álbum de estreia, propiciou: o 3º lugar no Top 200 da Billboard na categoria de novos artistas e uma turnê recente ao lado da incensada (com justiça) banda canadense Arcade Fire. Gorilla Manor é um compêndio do que de melhor se produz na música independente no que diz respeito à letras e melodias bastante contemporâneas. Os sons singulares, que incluem bandolim, percussão e teclados, são somados às vozes melódicas de Taylor Rice e Ryan Hahn. Composições como Airplanes, Sun Hands e World News guiam o álbum para uma inspirada viagem pelas emoções humanas, mas é com Cubism Dream e o cover de Talking Heads Warning Sign (superior à versão original, desculpem-me os mais conservadores) que o disco confirma o primeiro vislumbre de um grupo que tem um longo e bem sucedido caminho pela frente.



THE Dø
A origem do duo The Dø (le-se 'dou', como a nota musical em inglês) causa interesse para os detratores da música norte-americana: ela, Olivia Merilahti, tem origem finlandesa e foi radicada na França. Na Europa conheceu Dan Levy, multi-instrumentista com quem dividiu uma composição para a trilha do filme Império dos Lobos, protagonizado por Jean Reno. Depois da canção, seguiram unindo a criatividade nos acordes de Dan com a voz singular e cativante de Olivia, assim como sua destreza com violão e teclado A capacidade do duo em compor músicas que unem o folk a uma vertente do que se caracterizou chamar de indie rock impressionou, e isso é notável em seus dois álbuns: A Mouthful e Both Ways Jaws Open - o último lançado há poucas semanas. O primeiro trabalho dos artistas, que atualmente é o disco que mais ocupa minha playlist, possui no mínimo cinco músicas irretocáveis: On My Sholders, At Last, Song for Lovers, Stay (Just a Little Bit More) e Unissasi Laulelet, dignas de serem ouvidas à exaustão (o que talvez nunca aconteça). Os vídeos da dupla também merecem atenção: fotografias incomuns e a beleza incontestável de Olivia enchem os olhos dos mais preciosistas.



As dicas acima representam duas descobertas musicais recentes - descobertas para mim que compartilho com vocês, já que ambos os grupos cada vez mais angariam fãs em todos os lugares. Prometo aparecer mais vezes com outras indicações. Pensei em falar ainda em Paloma Faith, Blind Pilot e Freelance Whales, mas fica para um próximo post similar. Espero que as indicações tenham valia e prometo voltar com mais qualquer hora dessas.

2 comentários:

  1. Adorei o post e gostei muito do que ouvi pelos dois vídeos que tu postou. Certamente vou conferir os álbuns.

    Sabe, lendo suas dicas, me dei mais conta ainda de que minha relação com a música tem sido meio supérflua, tenho ouvido as coisas meio na corrida, sem o apuro e calma que aplico quando vejo um filme ou leio um livro, por exemplo. Preciso mudar esta relação, abrir os ouvidos para novas tendências, buscar, como tu disse, dentro deste universos fonográfico riquíssimo que se desnuda frente a nossas necessidades e/ou procuras, algo que me faça parar e somente apreciar. Seus posts desta natureza contribuem e muito para esta busca particular por novos sons.

    Obrigado
    Abraços

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  2. Olá, Kon!
    Nunca tinha ouvido falar deles, mas adorei. Procurarei mais canções.

    Abraçoss e obrigado pelas ricas dicas.

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