domingo, 19 de junho de 2011

Toda juventude tem um quê de transviada


Dia destes, revendo Juventude Transviada, o cult de Nicholas Ray que eternizou a figura desgovernada de James Dean, fiquei pensando na quantidade de filmes que provavelmente beberam de sua fonte, alguns o homenageando, outros tantos plagiando signos seus, como se fossem novos. È certo que não teria como listar todos estes exemplares, que devem ser muitos, mas dois prontamente vieram a mim durante a sessão: o primeiro por conta de um detalhe, e o segundo pela grande proximidade de seu mote com o do filme estrelado por Dean.

Pois bem, em Juventude Transviada, o protagonista odeia que o chamem de “galinha”, isto por que lhe causa ojeriza qualquer paralelo com o pai, um homem submisso, capacho da esposa dominadora. É isso, chamou Jim de “galinha”, ele se descontrola e parte para a porrada mesmo. Quem mais na história do cinema é tal e qual? Marty McFly, da trilogia De Volta para o Futuro. Marty também odeia a sujeição do pai, o trepidante George. Quando Marty é chamado de “galinha”, igualmente é acionada uma ignição que o faz perder as estribeiras, e aí é confusão na certa (como diriam os textos das vinhetas de antigamente da Sessão da Tarde). Citação (homenagem?) descarada de Robert Zemeckis.

Outro filme que adoro e que também “paga pau” violentamente para Juventude Transviada é Footloose - Ritmo Louco. Jovem novo na cidade e com cara de bad boy é recebido com hostilidade, atrai encrenca, aceita o desafio para um “duelo motorizado de vida e morte”, apaixona-se pela namorada de seu rival e ainda tem um amigo meio escanteado pela maioria. Juventude Transviada ou Footloose - Ritmo Louco? Os dois. As semelhanças são incríveis. É certo que a forma e a articulação dos elementos cinematográficos de cada um os difere muito, mas não há como negar as diversas aproximações (certamente não coincidências) no que diz respeito à história, ao que é contado.

Não à toa Juventude Transviada virou referência, pois expressa com muita profundidade a fúria efervescente dos hormônios e conflitos juvenis, temas atemporais e sempre em voga. A questão é: homenagear ou copiar? Mero detalhe de julgamento subjetivo e sem relevância maior, se a obra que busca tais referências não for simples espelho torto, se tiver vida e pulsão próprias. Felizmente é o caso destes dois exemplos, que devem algo a Juventude Transviada, e que o citam, seja nas entrelinhas ou descaradamente.

2 comentários:

  1. Olá, Celo!
    Essas aproximações são bem interessantes e curiosas. Em certos momentos o cineasta homenageia um filme ou colega sem o saber, ou seja, a sua percepção e transição da realidade o "trai", buscando signos já conhecidos e explorados.

    Abraçosss

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  2. Olá, Celo!

    Não sou muito fã de "Juventude Transviada", mas a marca que o filme deixou, reforçada pela figura mítica de James Dean, é inegável. Assim como suas influências.

    Grande abraço!!

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