domingo, 4 de março de 2012

O funk e a ânsia


Acordo às 6h25min. Levanto às 6h31min. Troco de roupa, vou ao banheiro, tomo meu café, volto ao banheiro, escovo os dentes e saio, por volta das 7h15min. Já na rua, caminho solitário em meio a pensamentos distintos, que vão daqui até ali, sem rumo certo, orientados pela aleatoriedade. Apesar de completar quase 1 hora do despertar, resquícios daqueles momentos na cama tornam meus movimentos mecanizados, devido ao hábito. A mente? Bom, segue em ritmo lento e sem direção certa. Contudo, algo acontece. Sempre, algo acontece. E nem sempre é bom. 

Tchutchucas, popozudas, turbinadas, devassas, enfim, um exército de baixarias ataca meus tímpanos, estes soldados rasos pouco preparados a inimigos tão violentos e inescrupulosos. A artilharia se concentra num veículo com equipamento de som até o limite do espaço antes destinado a malas. Ou, mesmo, arautos do absurdo que empunham celulares sem fones. 

Tenho consciência do quanto se debate o assunto funk. Não posso me calar. Todo o dia é a mesma coisa. Qualquer hora. Qualquer lugar. O funk que menciono neste pequeno texto se refere a veia carioca, a qual tem se alastrado de forma semelhante as piores bactérias. Não aceito o argumento de que é “entretenimento”. É triste reduzir a arte a apenas entretenimento, assim como o fazem no cinema e literatura, por exemplo, porém tenho minhas dúvidas se a diversão necessita negar a razão. 

As mulheres são as maiores vítimas e propagadoras. Vítimas porque as letras paupérrimas se baseiam na sexualidade e, antes, vulgaridade da fêmea, a tratando unicamente enquanto meio de prazer masculino. Propagadoras, se analisarmos as “belas” dançarinas, embaladas pelo hino à submissão, onde o musical ganha contornos visuais. Isso certamente serve como chamariz a muitos. Infelizmente. 

A imbecilidade humana não tem limite, nem idade ou classe social. Questiono-me seguidamente o que motiva alguém a consumir e espalhar lixo pelo ar. “Ah, é que a globalização torna as coisas mais rápidas, não temos mais tempo livre para descansar a mente, sem espaço à reflexão”. Que balela. Caso esta afirmação seja verídica, que a globalização nos engula e que não haja mais nada a fazer, além de acordar, levantar, sair de casa, trabalhar e voltar. Um círculo vicioso monótono, sem vida, e que ao menos não desafia a nossa inteligência.


Até mais.




PS: Eis um exemplar caxiense (¬¬³):



Um comentário:

  1. Olá Rafa,

    Belo comentário virulento sobre o Funk carioca e, principalmente, acerca das pessoas que consomem qualquer porcaria em nome da diversão.

    Não imagino também como uma mulher que se preze consiga balançar as cadeiras ao som de letras que constantemente a chama de vagabunda, cadela, e outros xingamentos mais.

    Não entendo, ainda, como alguém portador de meia dúzia de neurônios trabalhadores embala seus momentos de lazer nestas cantigas de péssimo gosto.

    Não entendo, e nunca vou entender.

    Abraços

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