sábado, 29 de setembro de 2012

Première Brasil: "Entre Vales"


Logo em seus primeiros minutos, Entre Vales torna evidente o domínio que Philippe Barcinski tem da mise-en-scène e o cuidado  com que o diretor preenche cada quadro de seu filme. Todas as informações captadas parecem vitais para o mesmo e previamente estudadas – mérito que o cineasta divide com o magistral diretor de fotografia Walter Carvalho. Ainda que demonstre relevância com suas belas imagens, Entre Vales não tem a mesma felicidade com seu argumento, que funcionaria melhor em um curta-metragem.

Cinco anos após sua estreia em longas, no impactante Não Por Acaso, Barcinski retorna aos dramas humanos para apresentar a história de Vicente, homem de meia idade que é retratado em dois difíceis períodos de sua vida. Aos poucos, o roteiro de Barcinski e de Fabiana Werneck Barcinski vai se revelando para o espectador e confirma o que é possível captar anteriormente sem muita dificuldade. Ângelo Antônio, em mais uma atuação de completa entrega ao personagem, vive um de seus momentos mais bonitos no cinema.

Apoiado em um texto pouco profundo e repetitivo, Entre Vales dedica muito tempo de sua curta duração (80 minutos) para esmiuçar uma história que não diz muito e que já foi contada inúmeras vezes. Ainda que seja justificado pelas belíssimas sequências de Barcinski nos lixões, o filme se torna excessivo por apoiar-se repetidamente no drama de personagens pouco complexos e desinteressantes. Depois de seus curta-metragens excepcionais e de uma estreia tão promissora com bitolas maiores, é triste constatar que Philippe Barcinski não atinge o mesmo mérito com sua mais nova obra. Resta esperar para que seu próximo trabalho seja mais contundente - e que o mesmo não leve cinco novos anos para ganhar as telas.

3 comentários:

  1. Gosto bastante da estreia do Philippe Barcinski em longas, "Não Por Acaso", por você mencionado. Então, mais que normal a expectativa pelo filme seguinte de um diretor promissor como ele.

    Sorte dos que puderam conferir por aí, no FestRio. A nós, mortais, resta aguardar que ele encontre espaço em nosso combalido circuito exibidor.

    Abração

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  2. Pude assistir ontem ao novo longa do Barcinski, no Festival do Rio. Fiquei bastante desapontado com o filme. Há quatro ou cinco momentos em que a camera e fotografia de Walter Carvalho sao bem inspirados, mas nos 80% ou 90% do filme sao momentos-comuns, frustrantes. Se no primeiro longa de Barcinski pecava pelo excesso de música, nesse novo peca pela quase ausencia de música. Até a abertura do novo filme é idêntico ao do primeiro longa dele. Decepcionante.

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  3. Kon!
    Apesar dos pesares, quero assistir pela estreia de Barcinski em longas ("Não por Acaso"). Tenho ela na mais alta conta.

    Abraçosss

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