Muito influenciado por romances
policiais baratos, o noir respira
pelos poros da femme fatale, aquela
que subverte a fragilidade tão atribuída à mulher, transformando aparências e convenções
em álibis. Determinados filmes mais atuais acabam denominados neo-noirs justamente por se apropriarem
de elementos característicos desse gênero destacado no passado. O Poder da Sedução, de 1994, se insere
entre tais herdeiros, sobretudo, porque é centrado na figura maquiavélica de
Bridget Gregory, interpretada por Linda Fiorentino.
Ela é mulher de natureza fria e
calculista, sem métrica em consequências ou preocupações com o alheio. Primeiro
rouba o marido traficante em plena Nova Iorque e depois engendra um interiorano
numa espiral de sexo, mentiras e sordidez. Está, assim, nela o material de valia
para interpretações, e quem bem atentou para sua riqueza, até para a diferença
por ela explicitada entre a femme fatale
clássica e a contemporânea, foi o filósofo Slavoj Žižek (ver aqui).
Pena esse tipo tão representativo
estar inserido num contexto cinematograficamente pobre, cujos maiores problemas
são mesmo o roteiro frouxo (previsibilidades e trajetórias erráticas) e uma
direção nada além de burocrática. Dessa maneira, o filme desenrola-se com algum
interesse muito mais pela trama abertamente novelesca que por eventuais méritos
formais. Tanto é verdade que mesmo a personagem forte de Linda Fiorentino pode
até soar maniqueísta, pois emblema solitário de um dos mais influentes gêneros
do cinema.
:) Seu texto..!!!! Obrigada por me acompanhar nesse filme Marcelo!! E por otimizar seu olhar e consequentemente sua resenha! Sei que normalmente você é assim..parece tentar enxergar e explicitar o lado positivo, bem sucedido dos filmes, mas em The Last Seduction, imagino ter sido mais complicado..e você destacou aspectos bem legais do filme.
ResponderExcluirbeijos
Celo!
ResponderExcluirAdorei o texto do Zizek /o\
Abraços