Como bem sinalizou minha colega
de sessão, UMA DAMA EM PARIS ensaia algo próximo de INTOCÁVEIS, pois, da mesma
maneira, aproxima imigrante cheio de problemas a alguém carente de cuidados.
Bom que o paralelo fica por aí, nas linhas iniciais. No filme de Ilmar Raag, a
estoniana Anne vai à França, após a morte da mãe, para cuidar de Frida. Chega
lá tímida, acuada pela senhora a principio irascível e implicante, mas logo se
fará peça importante na vida dessa idosa interpretada por uma Jeanne Moreau em
plena forma artística, aos 85 anos. O plot
é conhecido, mas a maneira com a qual Raag tenciona as relações para depois
afrouxar os nós que as prendem é bastante engenhoso e resulta numa história
bonita de amizade e compreensão mútua.
Sai da sessão de AUGUSTINE com a impressão
de pouco ou quase nada ter entendido. Não que a história (o recheio) seja
complicada, longe disso. Aliás, interessante tomar conhecimento dos estudos
vanguardistas do Dr. Charcot para provar ao mundo a existência da histeria,
patologia responsável por, noutros tempos, mulheres enfermas serem confundidas
com bruxas e outras criaturas possuídas. Além da fotografia monocórdica, de
imagem escura e sempre mediada por uma bruma estranha, o desenvolvimento da
relação entre Charcot e sua paciente Augustine me soou insípido, assim como
quase todos os demais. A obsessão do homem em choque com a histeria feminina,
nem isso me pareceu suficiente para tirar AUGUSTINE de um lugar ao qual,
infelizmente, não tive muito acesso.
AMOR PLENO é dos filmes mais
fatigantes que vi nos últimos tempos. Terrence Malick retoma a estética de A
ÁRVORE DA VIDA, com planos e imagens impressionantes. Contudo, se no longa anterior (do qual gosto
muito), inclusive o forte caráter metafísico era, no mínimo, coerente, pois
ajudava a relacionar, num plano superior, o macro (criação do mundo) com o
micro (dificuldades enfrentadas em família), aqui o americano coloca a beleza e
a religiosidade a serviço de uma história rasa, disfarçada de epifania
interminável. Malick pretende fazer de cada movimento uma espécie de revelação
divina e, na soma, algo que sinalizaria a força originária do Deus que, no
filme, castiga com vida de infortúnios sentimentais o homem “responsável” pela
contaminação da terra, isso para citar apenas um dos moralismos dogmáticos apregoados.
AMOR PLENO é chato e arrastado blá-blá-blá teofânico.
Parece não haver mesmo limites
para a imaginação de Michel Gondry. A
ESPUMA DOS DIAS é, quem sabe, seu filme mais radical, levando em consideração a
intrusão de objetos, animações e situações inusitadas, elementos esses em
convivência harmônica e cotidiana no particular mundo moldado por alguém
tencionado a resolver a maioria das questões no campo do simbolismo visual.
Essa força criativa intensamente imagética suporta o drama, as metáforas e a transição
entre a felicidade colorida e a dor pintada de preto e branco, aliás, excelente
sacada para reforçar a ideia do ambiente externo enquanto refletor do interno.
Ressalva feita à falta de concisão, sobretudo na terceira parte, e A ESPUMA DOS
DIAS, ainda assim, é filme o suficiente para entreter e emocionar.
MEU MALVADO FAVORITO 2 está longe
da originalidade, mas pelo menos não deixa cair a peteca levantada por seu
antecessor. Todo blá-blá-blá sobre a contratação do protagonista por uma
organização contra crimes globais e a missão de salvar o mundo não passa de
cortina de fumaça para o núcleo real do filme: Gru (mesmo que não saiba)
procurando uma namorada. Os minions continuam cumprindo muito bem a cota dos
coadjuvantes imprescindíveis (essa quase regra das animações, sobretudo após A Era do Gelo). A trama pode até ser
meio boba, mas a inventividade visual e o bom timing das passagens cômicas compensam bastante qualquer
obviedade.
Muito fã do Doses :)
ResponderExcluirbjs
Louco para ver o novo de Gondry!
ResponderExcluirGrande abraço.