quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Bate-papo :: OS SUSPEITOS


Ontem, navegando pelo Facebook, me deparei com um debate interessante sobre OS SUSPEITOS, de Denis Villeneuve, destaque em cartaz. Ana Carolina Grether e Douglas Tadei conversavam, comentário após comentário, a respeito de qualidades e fragilidades do filme que tem dado o que falar. Com a autorização dos dois, reproduzo aqui este ótimo bate-papo com questões bastante pertinentes a quem assistiu OS SUSPEITOS. Obrigado, Carol e Doug, por cederem a conversa.

A CONVERSA ABAIXO CONTÉM SPOILERS
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Douglas Tadei - OS SUSPEITOS (Prisioners) tinha tudo pra ser um filme pra longos debates psicológicos. Mas, onde poderia aprofundar o debate eterno entre a justiça e o sangue no “zóio”, preferiu seguir a linha de todos os thrillers que a gente tá cansado de ver. Decepção com o twist final longo, pé no cu de chato, com atuações acima da média. Meu destaque vai pra Paul Dano, que praticamente não fala, mas representa melhor que o elenco inteiro. 
Ana Carolina Grether - O final longo depõe meio contra sim, também acho. Mas gostei muito do filme, fiquei vidrada durante todo tempo. 
Douglas Tadei - E o Paul Dano, Carol? Ele arrebentou! 
Ana Carolina Grether - Gostei mais do Donnie Darko (Jake Gyllenhaal), os tiques, o shape, tudo. 
Douglas Tadei - Jake vai ser sempre Donnie, mas ele se esforça. Mr. Villeneuve perdeu a chance de criar um épico. 
Ana Carolina Grether - Se esforçou e conseguiu pô, o cara tá ótimo. Concordo, o diretor podia ter se superado. 
Douglas Tadei - Se tivesse meia hora menos e focasse na dubiedade da coisa, seria meu campeão. Eu nem queria ver as meninas back, a dúvida me consumiria. 
Ana Carolina Grether - Concordo! 
Douglas Tadei - Um filme que promete uma coisa e entrega outra, mas merece umas indicações ao Oscar. 
Ana Carolina Grether - Ah merece! Se todos os filmes medianos fossem metade deste, já estaria ótimo. OS SUSPEITOS é bom e, de tão bom, parece que a crítica que fazemos é justamente por estarmos com o olhar nivelado num patamar elevado. Desde o início, como você falou, o filme se mostra em altíssimo nível, embarcamos nessa. Quando chega o final, há um declínio que, embora não prejudique de todo, dá uma baixada de bola. Pena. 
Douglas Tadei - Pra encerrar, tinha que dizer isso: Don´t fuck with wolverine´s daughter! É que você não tá vacinada em thrillers, histórias assim tem de montes! Mas eu juro que achei que o diretor ia explorar MAIS o conflito, que é onde a coisa pega. 
Ana Carolina Grether – Verdade, não tô e talvez tenha me encantado mais por isso. 
Douglas Tadei - A dubiedade entre ser ou não o vingador, e não revelar, era a melhor parte! E ele cagou nisso! O sofrimento, a incredulidade e a vontade de se vingar do casal negro dava uma tese, e o diretor jogou isso na privada. 
Ana Carolina Grether - O que achei incrível, e até curioso, foi a energia do Hugh Jackman em fazer o que fez e sustentar aquela agressão toda até o fim, sem dó nem piedade. Nessa hora se identificando(?) com seus fantasmas, com sua história de vida e família, além de ter se mostrado altamente afetado pela provocação de sua mulher (Maria Bello) que, sem sentir ou não, o desafia quando diz que esperava dele: proteção, segurança. Achei uma bela jogada, o Hugh Jackman aparecer ora aliado à fúria, ora à culpa. 
Douglas Tadei - A toda hora eu pensava: “E se eu tivesse uma filha? faria igual?”. FARIA. É esse lance de justiça pelas próprias mãos que me interessa no debate, pena que ele não se aprofundou. Qualquer pessoa em sã consciência diria “não”, até mexerem com a tua filha, até onde a polícia pode ir, qual o seu papel enquanto pai da vítima? É foda processar isso. Acho que acabamos discutindo o que o filme tinha de promessa! Me saí bem como debatedor? 
Ana Carolina Grether - De qualquer modo, o contraste de comportamento entre ele e o outro casal é gritante, pra mim fica o seguinte: para além de fazer justiça com as próprias mãos, ele (Hugh Jackman) estava ali lavando a alma de outras histórias que não só a da filha. É sutil, mas me parece que o excesso dele em cima do Paul Dano, mesmo depois que entende o envolvimento deste com o assassino, é contextualizado a partir de sua própria identidade, de seu comportamento furioso, incontido, nervoso, másculo, determinado, obsessivo. SIM!! por mais debates com Douglas Tadei  Eu apoio!! Só esquecemos de avisar que esse post seria puro spoiler
Douglas Tadei - YEY! Não leiam. Me pegou o despreparo dele ao saber que o Alex não era. O que fazer? 
Ana Carolina Grether Pois é. Em resumo: o filme pega a gente de jeito.

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