sábado, 26 de setembro de 2009

Festival do Rio: Distante Nós Vamos


No 2º dia de Fest Rio, um tanto quanto movimentado e falado, o público ainda estava sob impacto de Aconteceu em Woodstock de Ang Lee, que abriu o festival, e com o vídeo que antecedeu o filme, o qual homenageava a atriz francesa Jeanne Moreau. Agnès Varda também esteve presente na abertura.

Na fila para compra e troca de ingressos na bilheteria de um cinema que possui 600 lugares, me impressionei com o entusiasmo das pessoas achando que todos iriam assistir Distante Nós Vamos! Pensei: ainda bem que garanti meu ingresso com antecedência, pois se chegasse em cima da hora, perderia com certeza. Mas, para minha surpresa, o entusiasmo expresso na fila era para compra de Abraços Partidos do Almodóvar. E de fato só se ouvia falar em Almodóvar e a preocupação de 80 % daquelas pessoas em garantir seus ingressos. Este mesmo cinema que possui pouco mais de 600 lugares deve ter sido ocupado em mais ou menos 10%, no máximo. Distante Nós Vamos, em seu 2º dia de exibição, não lotou as salas, curiosamente.

O público, mais variado possível, fazia jus a um grupo de amantes que vem crescendo no RJ. Um senhor que devia ter seus 70 anos ocupava uma das cadeiras e me deu a honra de conversar por alguns minutos antes do filme começar. Paulista, cinéfilo que acompanha todos os anos os festivais do RJ e SP, me disse que sua média de filmes para esse ano era 60 e que desde 1940, após quase todos os filmes que assiste, faz questão de registrar em um livro que guarda todas suas impressões desta data até os dias de hoje. Ele escreve para o "Scoretrack" e é membro de uma comunidade chamada "Confraria Lumière". Confesso que me emocionei em ver um homem daquela idade com tanta paixão, esperança e disposição para enfrentar uma maratona de filmes que, segundo ele, faziam parte de sua vida.

Por falar em esperança, Distante Nós Vamos trata de uma forma esperançosa a questão do amor, cumplicidade e identidade. Em meio a um mundo neurotizado, como saber quem somos nós? Como identificar nossos desejos e anseios, sem nos basear numa "realidade" fabricada? Sam Mendes, diferentemente dos seus trabalhos anteriores, propõe uma linha bem mais light e menos carregada de emoções fortes. Um road movie que nos leva a acompanhar o filme do início ao fim com euforia, nos dando certeza a todo tempo que o filme não sairia muito daqueles moldes, nada de surpresas, mas ainda assim valia à pena! Ora comédia, ora drama, esse mix de estilos presentes no filme deu certo. Destaque para o protagonista, interpretado por John Krasinski, que dentro da proposta, arrasa e comove, cativa a todo momento. Devo admitir que pra quem tem Foi Apenas um Sonho como uma referência e profunda admiração como eu, Distante Nós Vamos fica atrás, inevitavelmente. Sinto falta dos dramas pesados e realísticos que Sam Mendes injetou em filmes como Beleza Americana e Foi Apenas um Sonho. A ingenuidade, simplicidade e aproximação de um gênero bastante explorado hoje pelos cineastas, só reforça a idéia de que essa fórmula funciona, e como! O filme é bonito, sensível e vale à pena. Só não me faz lembrar muito do Sam Mendes e de seu cinema.



4 comentários:

  1. Oi Carol,

    Como eu queria estar aí no Rio nesta época do festival. Desde que assisti ao primeiro trailer de "Distante Nós Vamos" fiquei interessado, pois me pareceu um daqueles filmes deliciosos de se assistir. Por mais que eu, assim como você, seja mais fã do olhar crítico do Sam Mendes, não deixa de ser estimulante pensar nesta variação temática.

    Beijosss

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  2. Concordo, mas me considero bem menos eclética que você. Ainda fico presa aos detalhes e estilos que gosto mais. Por isso assistir a filmes diferentes, de diretores bem diferentes e escrever sobre, se torna um ótimo exercício pra mim. No caso de "distante nós vamos", fiquei um pouco desanimada quando comecei a identificar várias semelhanças entre ele e "Juno", filme que eu não gosto.
    Mas continuo com a certeza de que vale muito à pena ver.

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  3. Olá, Carol!
    Assim que pintar por aqui, pretendo conferir tal produção, que me parece, impressão reforçada por ti, um filme agradabilíssimo.

    Beijoss

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  4. Vejo em 'Distantes Nós Vamos' um exercício de estilo bastante curioso por parte de Sam Mendes , uma vez que ele deixou de lado algumas características de seu cinema para trabalhar em um drama que me parece seguir a cartilha dos indies norte-americanos.

    Posso me surpreender, e confesso estar interessado no filme, ainda mais após ler seu texto, mas estou mais ansioso por um novo drama humano e bastante crítico do diretor.

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