sábado, 23 de abril de 2011

A trilogia De Volta para o Futuro


Feriado prolongado, e nada melhor do que um mergulho cinematográfico num dos responsáveis pela minha formação cinéfila: a trilogia De Volta para Futuro. Quantas tardes passei em frente a TV, nos saudosos momentos áureos da Sessão da Tarde, assistindo as desventuras de Marty McFly pelas variações do tempo. Como havia muitos anos que não via os filmes, e muita água rolou debaixo da ponte desde a última vez, resolvi fazer uma sabática imersão nas fantasias produzidas por Steven Spielberg e dirigidas por Robert Zemeckis.

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De Volta para o Futuro
O primeiro filme da trilogia De Volta para o Futuro é o mais divertido exemplar que o cinema já criou sobre o complexo tema da viagem no tempo. Marty McFly, no grande papel de Michael J. Fox, volta aos anos cinquenta, após acidente que vitimou o doutor Emmett L. Brown, cientista idealizador da máquina do tempo. Ele então conhece seus pais na juventude e, precisamente por ter interagido com eles e com outras pessoas que conhecerá futuramente, McFly, além de buscar alternativa viável para seu retorno, precisará recolocar as coisas nos eixos para que ele não deixe de existir. Bons tempos em que Robert Zemeckis não era obcecado pela tecnologia furada e artificial da captura de movimentos que pautou seus últimos filmes, pois aqui ele dirige um filme dinâmico, para lá de divertido, um representante legítimo e dos mais representativos de uma época em que as palavras “blockbuster” e “franquia” não eram, como hoje, quase sempre sinônimas de porcaria. Marty voltando no tempo, percebendo que sua mãe carola na verdade tinha sido uma adolescente bem saliente, entendendo o porquê do fracasso de seu pai, tudo a ver com a juventude acovardada dele, e a subversão do final, do futuro drasticamente alterado por conta da participação de Marty no passado, inclusive mostrando a herança que a nova realidade dos progenitores trouxe aos seus rebentos, são elementos que habitam meu imaginário cinéfilo, certamente.


De Volta para o Futuro II
Objetivamente, lembrava pouca coisa de De Volta para o Futuro II, mas sabem quando se assiste algo e as imagens soam familiares? Nesta segunda parte da trilogia, que começa logo após o término de sua antecessora, Dr. Emmet vem buscar McFly e sua namorada para que eles ajudem a mudar o futuro, no qual seus filhos vão presos, decretando posteriormente o fim da família. Se no primeiro filme o objetivo era não mudar nada do passado, para não influenciar negativamente o futuro, aqui a consumação da mudança, da alteração do andamento natural das coisas, de fato provoca uma série de transtornos em cadeia ao longo das eras, e cabe a Marty novamente tentar recolocar tudo nos eixos. Embora seja menos icônica que a parte I, a parte II mantém o nível da narrativa e expande a mitologia, considerando algumas colocações sobre o tempo, as alterações e tudo o que diz respeito à viagem cronológica. E como é divertido acompanhar o que se idealizava no final da década de oitenta como sendo o futuro após 2010, mais precisamente 2015, com carros voadores, e um inconfundível porvir mais neo-retrô do que futurista. Longe de ser um caça-níquel, esta é uma sequência bem honesta do sucesso que alavancou a carreira de Michael J. Fox, um ótimo entretenimento que mantém o nível estabelecido pelo original.


De Volta para o Futuro III
Ainda não tinha assistido De Volta para o Futuro III. Na última parte da trilogia, Marty precisa voltar ao Velho Oeste para buscar o Dr. Emmet, antes que ele seja morto com um tiro nas costas pelo antepassado de Biff. De Volta para o Futuro III se utiliza pouco de alguns elementos muito característicos de seus antecessores, como, por exemplo, a interação determinante entre McFly e seus antepassados ou descendentes através das eras. Por certo, é uma aventura impregnada dos signos edificados nas duas primeiras partes, uma legítima sequência, mas o que chama atenção é a maneira pela qual dá este prosseguimento, com reverência rasgada aos westerns. Neste tocante, são ótimas as menções a este que é o gênero cinematográfico americano por excelência, mas que, ironicamente, aqui é lembrado por meio de signos e personagens mais próximos do western spaghetti, e de Sérgio Leone, italiano que elevou os faroestes italianos ao panteão de arte. Além de Marty se alcunhar Clint Eastwood durante a permanência no tempo das diligências, e se trajar como Clint aparecia nos mais célebres filmes de Leone, o diretor Robert Zemeckis dá outras piscadelas ao público mais atento, seja pela maneira como retrata os vilões, sempre sujos e repugnantes, ou mesmo algumas passagens da trilha sonora, bem ao estilo Ennio Morricone, colaborador contumaz de Leone. Reverências ao spaghetti western à parte (presentes também em uma cena do segundo filme, diga-se), De Volta para o Futuro III encerra dignamente a trilogia mais bacana do cinema.

Um comentário:

  1. Olá, Celo!
    A palavra "diversão" resume bem essa trilogia, certamente. Pretendo, e breve, pegá-la emprestada e, assim, passar horas a fio imerso em entretenimento que não subestima minha inteligência.

    Abraçosssss

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