quarta-feira, 27 de julho de 2011

Kane por Bazin

“Toda revolução introduzida por Orson Welles parte da utilização sistemática de uma profundidade de campo inusitada. Enquanto a objetiva da câmera clássica focaliza sucessivamente diferentes lugares da cena, a de Orson Welles abrange com a mesma clareza todo o campo visual que se acha ao mesmo tempo no campo dramático. Não é mais a decupagem que escolhe para nós a coisa que deve ser vista, lhe conferindo com isso uma significação a priori, é a mente do espectador que se vê obrigada a discernir, no espaço do paralelepípedo de realidade contínua que tem a tela como seção, o espectro dramático particular da cena. É, portanto, à utilização inteligente de um progresso preciso que Cidadão Kane deve seu realismo. Graças à profundidade do campo da objetiva, Orson Welles restituiu à realidade sua continuidade sensível.”
André Bazin, um dos responsáveis pela instauração do cinema no círculo das grandes artes (por conta de sua militância na França do pós-guerra) e tido ainda como um dos maiores, senão o maior, pensadores/críticos de cinema de todos os tempos, discorrendo sobre Cidadão Kane, de Orson Welles.
Luminar, não?

2 comentários:

  1. Olá, Celo!
    Belíssimas palavras.

    Abraçossss

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  2. Fico ainda mais feliz por ter adquirido o livro. Uma de minhas próximas leituras certamente.

    Abraços, Celo!

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