O cinema nos ajuda a olhar o mundo de maneiras diversas, auxilia na tarefa de fazer-nos pessoas melhores. É uma espécie de espelho projetado, no qual vemos refletidos nossos medos, angústias, alegrias, satisfações e insatisfações. Pensar que apenas entretém, é reduzi-lo como se não fosse mais que um passatempo degustado com pipoca. Vimos nestes dias de intensa programação no 39º Festival de Cinema de Gramado mais que filmes dispostos a fazer o público se descolar por alguns minutos da realidade. Cinema pode ser fuga, mas tem por vocação real nos colocar ainda mais em contato com o substrato das coisas: descobertas, discussões metafísicas e filosóficas, ou mesmo banalidades fundamentais que estão no cerne de nossa existência.
Em Gramado temos uma espécie de tribuna aberta há quase quarenta anos, que busca reforçar a identidade cinematográfica brasileira, inserindo e contextualizando-a no cenário latino-americano. Aí está a importância de um festival como este, que certamente se beneficiaria de organização mais cuidadosa e estrutura mais condizente com sua história. Gramado vive em crise, lutando para conseguir os inéditos, nem sempre tendo êxito perante o maior poderio de outros certames. Mas as coisas já estiveram bem piores. A atual curadoria de Sérgio Sanz e José Carlos Avellar merece crédito pela retomada, lenta e gradual, da significância artística do Festival de Cinema de Gramado.
Em meu segundo ano de cobertura, creio que consegui aproveitar melhor toda a atmosfera, degustar o cinema com mais gana, partir com mais afinco para conversas e tudo mais. Foi uma temporada de ótimos filmes estrangeiros, nem tanto assim quando olhamos os nossos. Debates interessantes, diálogos paralelos e discussões que enriqueceram os filmes vistos, e certamente enriquecerão as sessões vindouras. Agora é a hora de voltar, inteirar-se novamente da rotina, saudoso que estou das coisas do cotidiano, mas certamente também um pouco melancólico por não poder estender por meses a experiência diária de participar de um acontecimento tão relevante como este.
A vontade real é a de viver de festival em festival, de sessão em sessão. Realidade utópica agora, quem sabe no futuro não esteja mais próxima?
ResponderExcluirAbraços, Celo!
Parabéns novamente pela ótima cobertura para a Gramado Magazine.
Olá, Celo!
ResponderExcluirMuito bom quando um passatempo torna-se uma paixão e dele conseguimos extrair coisas de nós mesmos.
Abraçoss e parabéns pelos dois aninhos.