sábado, 17 de setembro de 2011

Chegar é o de menos


Dizem que o cinema brasileiro virou um gênero, tal e qual a comédia, por exemplo. Se o cinema brasileiro é um gênero, o gaúcho seria então um sub-gênero, já que por vezes dá a impressão de comungar do ideário separatista de outrora, exatamente por conter signos muitos particulares e coisas que falam quase que somente ao nosso povo do Rio Grande do Sul. Pois bem, A Última Estrada da Praia, filme de estreia do diretor Fabiano Souza, tem fortes raízes gaúchas (vide sotaques e maneirismos), mas se diferencia na atual produção local justamente pela capacidade de diálogo com qualquer público, uma vez que que fala habilmente sobre os ritos de passagem inerentes ao desenvolvimento de todos. Três jovens decidem ir à praia e no caminho pegam para companheiro um rapaz que nada fala. Eles não são adolescentes, e refletem bem os tempos atuais em que há o tardio despertar para a vida adulta. 

Chegar à praia é uma metáfora do crescimento para estes jovens, como se lá chegando deixassem para trás sua inocência inconsequente e adentrassem num mundo adulto, com todo o peso que a expressão possa ter. O personagem calado é como um catalisador, mas ao mesmo tempo serve de alusão à liberdade, por meio destes que não têm a “sanidade” necessária para fazer parte da sociedade, sendo dela excluídos. Ótimo exemplar, obra de frescor na recente produção nacional, que sobrevive a um que outro deslumbramento e ainda carrega consigo um tipo de liberdade que lhe permite alguns voos, exatamente quando os pés no chão fariam dela mais do mesmo.

2 comentários:

  1. Olá, Celo!
    Parabéns pelo belo texto, seu estilo tem cada vez mais forma e mais interesse desperta ao leitor.

    Siga,
    Abraçossss

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  2. opa boa noite, bakana o blog, filmes mais "alternativos" digamos assim, parabens!!!

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