quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Complexo de Portnoy


Faz pouco, Philip Roth, considerado um dos maiores escritores norte-americanos vivos, anunciou aposentadoria. Na ocasião, o literato destacou enquanto justificativas a dor e o sofrimento oriundos do ato de escrever. Até então, eu tinha apenas uma obra de Roth em minha coleção, todavia, apesar da curiosidade, nunca havia lido coisa alguma dele. Então, há mais ou menos dois meses, chegou aqui em casa presente direto do Rio de Janeiro. Para minha surpresa, a querida Ana Carolina Grether, vulga Carol, era a remetente. A entrega? O Complexo de Portnoy.

Em pouco mais de duzentas e sessenta páginas, Roth traça a vida do judeu Alexander Portnoy, jovem advogado nova-iorquino bem-sucedido, o qual possui distúrbios psicológicos, especialmente observados na vida amorosa e sexual. Deitado sobre o divã da psicanálise, o protagonista narra detalhadamente sua vida, desde o tempo de infância, onde ganham luz a relação conflituosa com a mãe e a inércia do pai. Alex não segue linha cronológica rígida em sua narrativa, volta e meia regata acontecimentos do passado distante; outras vezes, porém, traz à tona outros mais recentes.

Um dos grandes méritos de Philip Roth está na facilidade de nos identificarmos com os anseios e as angústias do protagonista-narrador. Lá pelas tantas, me senti refletido, se não no presente, quando adolescente, quando criança. O mais fantástico da história toda reside justamente aí: não há nada de extraordinário. Na verdade, o extraordinário surge do ordinário. Nos damos conta de que o espetáculo maior está perto de nós, somos nós mesmos e nossas vidas, bem como seus rumos, experiências, cores e sabores. Experimentamos todos os dias o maravilhoso, só não sabemos disso. Arrisco-me a classificar O Complexo de Portnoy como história simples (não confundir com simplista, por favor). A diferença entre ela e a vida que levamos? Muitas vezes levamos a vida sem percebê-la de fato, sem aproveitar sua totalidade ou encarar de peito aberto suas nuances encantadoras. Certamente, obra-prima que fica e cresce

2 comentários:

  1. Oi, Rafa

    Muito boa sua colocação, embora eu ainda não tenha lido o livro.

    Mas, levando em consideração minha estima por O ANIMAL AGONIZANTE, também de Roth, e suas palavras acerca de O COMPLEXO DE PORTNOY, certamente este último figurará em minhas próximas leituras.

    abraços

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  2. Rafa!!

    Tô aqui bem feliz que você tenha gostado do Complexo de Portnoy.
    Quando li fiquei bastante impactada (talvez pelo olhar mais impressionado, exagerado por conta da profissão?..não sei). Poucos autores me levaram para dentro do livro, para o cerne da história, a ponto de eu imaginar cada detalhe que o P. Roth ia descrevendo.

    Muito bacana sua impressão, suas palavras, seu resumo. É curioso pois quando lemos uma outra pessoa falando a respeito alguns aspectos ficam bem mais claros, sobretudo agora com relação ao estilo de Roth.

    beijos

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