terça-feira, 20 de agosto de 2013

007 – Marcado Para a Morte


Já no início deste que é o décimo quinto filme do ícone criado por Ian Fleming, há uma missão de treinamento aos vários agentes 00, ou seja, àqueles com permissão para matar, os mais letais do serviço britânico MI6. Entre eles, um duplo que troca balas de tinta por projéteis de verdade, obrigando o mais famoso dos espiões cinematográficos, Bond, James Bond, a colocar ordem na casa, salvando a base de um acidente mais danoso. 007 - Marcado para a Morte vai, então, desenrolar-se quase todo dentro dessa dinâmica logo estabelecida, a das aparências, dos joguetes e conspirações político/comerciais. Convém não acreditar nas primeiras impressões, todos podem falsear e adotar personagens em busca de seus objetivos. 

James Bond cai numa espiral conspiratória que envolverá o serviço secreto britânico, a KGB, o governo soviético, mercadores de armas e revoltosos afegãos também vendedores de ópio. Em meio a tanta balbúrdia, certamente o protagonista terá tempo de apaixonar-se (ou seria melhor, suscitar a paixão?) por uma bela violoncelista russa, de alguma forma também metida nessa miscelânea internacional. Em 007 - Marcado para a Morte não há um antagonista marcante, como em vários das décadas de 60 e 70 (quem não se lembra de Auric Goldfinger, por exemplo?), mas a estrutura básica, com vilões e um assecla principal, neste caso o disciplinado Necros, permanece intacta e fiel à tradição. 

Interessante notar que 007 - Marcado para a Morte abriga quase todos os cânones “bondnianos”, inserindo-os aqui e ali com muita perspicácia. Bond é o mulherengo de sempre, tem suas diferenças com a diretiva do MI6, interage com Moneypenny, o chefe “M”, o gênio “Q“ e dirige aquele Aston Martin repleto de traquitanas. É claro, lá pelo meio, bebe seu martini, batido, não mexido. Na primeira aparição como James Bond, o ator Timothy Dalton prova sua competência, pois acresce particular valor ao agente a serviço da majestade. Ele mantém aquele olhar cafajeste, característico do personagem, sendo, ainda, eficaz nas cenas de ação, aliás, muito bem orquestradas pelo diretor John Glen, de longos serviços prestados à franquia, seja como diretor, editor ou mesmo timoneiro de segunda unidade. 

007 – Marcado para a Morte, sobre ter sido lançado em 1987, ainda guarda o frescor de uma boa aventura, não deixando transparecer em demasia os sinais do tempo, que, a bem da verdade, são denunciados apenas na abertura cantada pelo A-ha, banda muito em voga na época, hoje saudosa aos adeptos do revival oitentista. É funcional, muito porque o descompromisso com a estrita realidade não se deixa confundir com alienação, algo que pode surgir na audiência de alguns antecessores. Por essas e outras, 007 - Marcado para a Morte sobrevive como um dos bons filmes estrelados pelo espião favorito de 09 entre 10 cinéfilos.


Publicado originalmente no Papo de Cinema

Um comentário:

  1. Olá, Celito!
    Muito bom. Sempre gratificante ver um filme onde o tempo pouco agiu. Normalmente, ele age, sem dó ou piedade.

    Grande abraço

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