A dura passagem da adolescência à vida adulta de Mia (Katie
Jarvis) se dá num cenário nada atraente, mediado pelo olhar pessimista de
Andrea Arnold. Um amor impossível, incestuoso e até certo ponto não
correspondido, apenas reafirma a frustração da moça que a todo o momento se
depara com as impossibilidades e amarguras da vida.
A diretora não poupa nada nem ninguém nesse panorama
severo, escuro, não muito diferente de Marcas
da Vida, seu filme anterior.
A trilha de Aquário
é um de seus pontos altos, uma vez que as músicas marcam o desenrolar do drama
pontualmente. Seja quando a protagonista está dançando, sonhando, sofrendo, California Dreamin a representa, pela
letra que fala de um sonho, um sonho pessimista, mas um sonho.
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As saídas para Mia parecem bloqueadas, como se o curso
normal de sua vida fosse repetir a miséria da mãe e continuar patinando na
mediocridade. Ao longo da trama, todo e qualquer elemento que momentaneamente
abranda seus infortúnios, como o já citado namorado da mãe e a audição de dança
para a qual é aceita, se mostra infelizmente enganoso ao ponto de corroborar
com sua desgraça. Mia vai tomar atitudes condenáveis, quase cruzando
irremediavelmente certos limites morais, mas em momento algum se dá ao nosso
julgamento. A menina que se expressa por meio da dança cresce ao entender a
falibilidade alheia e, por consequência, a própria fragilidade.
Marcelo, gostei demais de rever esse filme e de escrever aqui pro Cinema a dois,compondo seu texto!
ResponderExcluirO próximo acho que vai ser melhor =).
bjs
Muito bom, gurizada, muito bom.
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