Quentin Tarantino vinha
amadurecendo a ideia de fazer um western, gênero pelo qual sempre declarou admiração.
Logo depois de incursionar pela Segunda Guerra Mundial, ele então decidiu
entrar de cabeça no Velho Oeste, mostrando a saga de um escravo liberto em
busca de sua amada ainda prisioneira. DJANGO LIVRE é esse filme que contém boa
parte das marcas registradas do cinema de Tarantino. Nele temos violência
estilizada, uma baita trilha sonora, que vai de Ennio Morricone ao rap,
piscadelas para cinéfilos – a aparição de Franco Nero, o Django italiano é a
mais evidente delas – entre outros expedientes comuns às realizações desse
americano que provou ir além dos êxitos iniciais, construindo uma carreira
sólida, feita de filmes calcados em seu conhecimento cinéfilo. O pastiche
adquire outra camada de significado, perdendo a conotação pejorativa. Se em Bastardos Inglórios os judeus foram à
forra contra Hitler e seus asseclas, aqui os negros escravizados, por meio de
Django, têm também um pouco de vingança. Tarantino não corrige a história, mas
sim lhe dá cinematograficamente a oportunidade de redimir-se.
O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO
EXÉRCITOS é o filme mais fraco da trilogia que inventaram para levar às telas o
livro de Tolkien que bem poderia ser condensado num longa só, talvez com
resultado menos dispersivo. Na trama, temos uma série de fatores em jogo: o
poder, a superação, a lealdade, a ganância, e tudo isso é abordado com maior ou
menor intensidade. Mas Peter Jackson preferiu mesmo as batalhas, aquelas cenas
grandiosas que nos filmes da saga O
Senhor dos Anéis funcionavam tão bem, mas que em O Hobbit, mais particularmente nesta terceira parte, soam apenas
como interlúdios barulhentos e sem muita carga de emoção entre uma passagem
dramática e outra. Pela primeira vez os efeitos especiais aparecem meio falsos
(talvez pela onipresença), bem como a grandiloquência, antes orgânica, agora
apenas um sinal do tamanho da produção. Às vezes, parece um filme dirigido no
piloto automático, com brechas até para humor involuntário. Em suma, uma
realização bem aquém das demais que visitaram a Terra Média.
Com a morte de John Hughes,
parece que o cinema norte-americano perdeu boa parte da capacidade de falar de
e para a juventude. FÉRIAS FRUSTRADAS DE VERÃO, antes mesmo do sucesso Superbad: É Hoje, evidencia que o
cineasta Greg Mottola herdou algo do criador de Curtindo a Vida Adoidado, pela forma aparentemente leve, mas com
raízes profundas, com a qual aborda desde anseios banais até alguns
questionamentos mais sérios de quem transita entre adolescência e vida adulta.
Sem poder contar com a ajuda para ingressar na faculdade, o personagem de Jesse
Eisenberg vai descobrir no trabalho de verão num parque de diversões boa parte
do que precisa para seguir em frente. Lá ele encontra o amor e seus
complicadores, a amizade, a decepção, as dificuldades inerentes de sair da
proteção dos pais e encarar a vida em todas as suas possibilidades. Mottola faz
um filme simples, brincando com estereótipos e clichês, em busca de uma
discussão leve, ainda que não superficial, sobre a necessidade de crescer. E,
de quebra, uma excelente trilha sonora.
Muito bom, Celito.
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