sábado, 4 de abril de 2015

CINEMA A DOIS | RICARDO DARÍN – O Mesmo Amor, a Mesma Chuva (1999)


Para mim, foi difícil assistir O Mesmo Amor, a Mesma Chuva sem compará-lo com os outros filmes de Juan José Campanella. O humor inteligente e a sensibilidade do diretor já estão ali. Contudo, o desenvolvimento narrativo e a própria atuação de Ricardo Darín deixam a desejar. Falta algo, sobretudo para que o filme revele uma consistência maior.

Ponto alto para a química da dupla Ricardo Darín e Soledad Villamil. Os dois combinam, até quando não estão interpretando melhores e mais inesquecíveis papéis, como em O Segredo dos Seus Olhos, no qual reeditaram a parceria. Curioso e engraçado ver Darín bem mais novo e canastrão.

Eu esperava mais de O Mesmo Amor, a Mesma Chuva, talvez por isso tenha me desapontado um pouco com o filme e seus atributos fantasiosos, que me pareceram desnecessários e vazios. Há uma tentativa não tão bem-sucedida de adicionar humor ao romantismo. Ao longo dos anos, Campanella se aperfeiçoou e muito na arte de seu cinema, hoje impecável.
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Filme de amores. Um homem conhece uma mulher, daquelas que chacoalha a vida. Nada parece fazer frente às sensações que surgem. Contudo, mais adiante há complicações. Dizem ser o mau da convivência, que carcome emoções e trata de enferrujar alegrias. Ricardo Darín interpreta esse cronista meio frustrado que não suporta o peso da felicidade pessoal e põe tudo a perder com a mulher por quem se achava perdidamente apaixonado. O Mesmo Amor, a Mesma Chuva é um drama romântico, com todas as voltas e reviravoltas, mas, ainda bem, não só isso. O diretor Juan José Campanella captura o entorno, as mudanças político-sociais na Argentina, propondo aos personagens uma realidade difícil, contudo conservando certa ternura.

Em O Mesmo Amor, a Mesma Chuva, o idealismo se confronta a todo o momento com um sistema que exige adequação em troca de sobrevivência. Escrever o que o público espera, dar aquele passo aguardado como o mais sensato, fazer concessões, deixar-se empedrar um pouco a cada dia, tudo à custa do que realmente queremos, de nossos anseios alimentados por boas e inconsequentes doses de utopia, é claro. Ricardo Darín explicita em seu semblante a mudança, o amadurecimento do personagem que passa por poucas e boas até descobrir que nada, nem mesmo a infelicidade, dura para sempre. Diferentemente de boa parte dos filmes românticos, neste há espaço para sentimentos, ações e reações genuínos, além de doses de esperança que realçam um otimismo bravo e resistente.

Por Ana Carolina Grether e Marcelo Müller 

3 comentários:

  1. Cinema a dois com Ricardo Darin, muito bom!!! Dedicado à amiga Dorinha =)
    Obrigada Marcelo!!!! bjs

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    1. Muito bom, mesmo, Carol.
      Mais uma vez, valeu pela parceria.

      E que venham os próximos.

      Beijos

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  2. Há tempos os hermanos, mesmo sem muito poder econômico, nos mostram como fazer cinema de qualidade. Capacidade nós temos (e muita). O que nos falta, então?

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