domingo, 13 de setembro de 2009

Enquanto isso

Olá, caro amigo-leitor!
Passado algum tempo, o qual seria e sou incapaz de contar munido de exatidão, surjo, sim, surjo como espectro para a surpresa dos que não me aguardam. Eis um belo motivo para minha aparição, Enquanto a Noite Não Chega (1978), do escritor gaúcho Josué Guimarães (1921 -1986), notório pela trilogia inacabada, A Ferro e Fogo.

O romance aborda a vida de três idosos em uma cidade abandonada por todos, mesmo fantasma: o casal Dom Eleutério e Dona Conceição, e o amigo coveiro, Teodoro, cujo destino aguarda a morte dos cônjuges a fim de enterrá-los e seguir caminho por outras estradas.

Em pouco mais de 110 páginas, Guimarães traça, por meio de diálogos simples e verossímeis dos personagens, onde um narrador se faz necessário ao descrever as ações e sentimentos pessoais que não se permitem o externo, um panorama tocante e melancólico. A cidadezinha em ruínas, é reflexo interno de seus fiéis moradores, cuja riqueza é a arquitetura da memória de tempos idos, verdadeira ou não, dúvida possível devido à escassez de comida e luminosidade, que abrem portas ao delírio, transportando ao escrito, aura lúdica.

O livro, do tido maior escritor gaúcho na história moderna, após o mestre Erico Verissimo, de quem era amigo, é grata descoberta de autor novo, ao menos pela perspectiva subjetiva. Aguardo outras deste nível, enquanto a noite não chega.

Abraçosss


PS: O livro deu origem ao homônimo filme deste ano, o qual toma liberdades em relação à obra de Josué Guimarães. Segue uma pequena matéria vinculada no programa Vitrine, da TV Cultura




2 comentários:

  1. "Enquanto a noite não chega" foi também uma grata suspresa para mim, que, assim como você, adentrei no universo literário de Josué Guimarães por meio desta obra. A história enxuta, contada por meio de diálogos sem floreios, mas dotados de uma verdade impressinante, é perfeitamente desenvolvida em suas 110 páginas, num misto de um realismo inquestionável com um simbolismo sutil, porém presente durante toda a narrativa. Sem dúvida um autor que eu buscarei mais vezes.

    Abraços

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  2. O que dizer sem ter lido o livro? Apenas o previsível e convencional, porém não menos verdadeiro: "acaba de entrar na minha lista!".

    Grande abraço Rafa e obrigado pela dica. :)

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