sábado, 13 de março de 2010

Oscar 2010 - Resultados de uma Festa Sonífera


O Oscar, a celebração do cinema americano, este ano da tão alardeada e chata, guerra entre os que já foram casados, do filme de orçamento minguado contra aquele que gastou milhões e que fez bilhões em bilheteria. Antes da entrega dos prêmios, o que mais chamava a atenção era a busca frenética da imprensa e mesmo de alguns pensadores do cinema, pela compreensão dos efeitos que a premiação poderia ter. Trataram mais de seis mil votantes como uma entidade única e confabulatória, teceram teses sobre a indústria, enfim, a cobertura do Oscar, especialmente este ano, me pareceu sensacionalista e vazia, tal qual a cerimônia, uma das mais desinteressantes dos últimos anos. Os discursos foram burocráticos, nem uma emoção digna de relevo, e os prêmios principais seguiram, quase todos, o que os analistas previam. O primeiro Oscar de Melhor Diretor para uma mulher veio, David venceu Golias, mas esta vitória de Guerra ao Terror me pareceu mais chancelada por uma crítica americana ávida por algo que definisse um conflito bélico de destaque nos EUA (então porque Redacted passou em brancas nuvens?), e acabou pintando num bom filme, um véu de obra de arte que ele não merecia.

Como em todos os anos, nós do The Tramps fizemos nossas listinhas, pegamos nossas pipocas e encaramos até pra lá das duas da manhã a festa modorrenta. Como de costume também, realizamos nossa aposta anual, que tinha sido vencida em seus três primeiros anos pelo Conrado, mas que este ano foi vencida por mim, Marcelo. Então até o próximo ano, no qual torceremos por uma festa menos sonolenta e pela premiação de filmes efetivamente relevantes (a primeira expectativa pode até ser cumprida, já a segunda...).

Abaixo os vídeos pré e pós Oscar (desculpem o som e a imagem, não é o ideal, mas é o que temos). Mais abaixo, a lista completa dos vencedores.

Antes da entrega do Oscar:




Após a entrega do Oscar:





Os vencedores do Oscar 2010

Melhor filme: "Guerra ao Terror"
Melhor direção: Kathryn Bigelow, “Guerra ao Terror”
Melhor atriz: Sandra Bullock, "Um Sonho Possível"
Melhor ator: Jeff Bridges, “Coração Louco”
Melhor filme estrangeiro: “O Segredo dos Seus Olhos” (Argentina)
Melhor edição (montagem): “Guerra ao Terror”
Melhor documentário: “The Cove”
Melhores efeitos visuais: “Avatar”
Melhor trilha sonora: “Up – Altas Aventuras”
Melhor cinematografia (fotografia): “Avatar”
Melhor mixagem de som: “Guerra ao Terror”
Melhor edição de som: “Guerra ao Terror”
Melhor figurino: “The Young Victoria”
Melhor direção de arte: “Avatar”
Melhor atriz coadjuvante: Mo’Nique, “Preciosa”
Melhor roteiro adaptado: “Preciosa”
Melhor maquiagem: “Star Trek”
Melhor curta-metragem: “The New Tenants”
Melhor documentário em curta-metragem “Music by Prudence”
Melhor curta-metragem de animação: “Logorama”
Melhor roteiro original: “Guerra ao Terror”
Melhor canção: “The Weary Kind”, de “Coração Louco"
Melhor animação: “Up – Altas Aventuras”
Melhor ator coadjuvante: Christoph Waltz, “Bastardos Inglórios”

4 comentários:

  1. Oscar heterodoxo
    Tudo foi um pouco diferente na premiação de domingo.
    Ocorreram gafes demais para uma festa sempre tão organizada: o texto errado lido por Cameron Diaz, a ausência de Farrah Fawcett nas homenagens póstumas, a falta da tradicional vinheta de apresentação dos fotógrafos candidatos, o corte abrupto no discurso de agradecimento dos vencedores por documentário longa-metragem (quando estendiam um cartaz para as câmeras), a premiação apressada para melhor filme.
    Apesar de bastante previsíveis, como sempre, alguns prêmios parecem absurdos. Sandra Bullock superar atrizes do porte de Hellen Mirren e Meryl Streep? Fala sério. Isso é que é empresário competente. Em termos estritamente cinematográficos, a fotografia de “Avatar” não seria comparável à de “A fita branca”, que também produziu inovações técnicas. E o premiado Mauro Fiore não possui o currículo do mestre Robert Richardson (“Bastardos inglórios”), o velhinho da longa cabeleira branca.
    Foi um alívio constatar a derrota de “Avatar”, filme demagógico do supervalorizado James Cameron. A vitória de “Guerra ao terror”, apesar da indigesta apologia aos “nossos meninos do front”, simboliza o fortalecimento de um cinema de idéias, humano, barato. Essa tendência marcou os triunfos de “Crazy heart” (enfim reconheceram Jeff Bridges, o eterno e impagável Dude) e “Preciosa”. A comemoração parece pueril, mas não custa lembrar que a Academia já teve seus momentos de fascínio pela tecnologia inconseqüente. “Guerra ao terror” também ilumina a ignorância dos distribuidores brasileiros, que esnobaram o filme e agora precisarão devolvê-lo correndo ao circuito. Depois reclamam da pirataria.
    A premiação do argentino “O segredo de seus olhos” esnobou inexplicavelmente a obra-prima de Michael Heneke, “A fita branca”. Se há alguma coisa positiva nesse equívoco histórico, é propiciar uma urgente discussão sobre os limites criativos do cinema brasileiro e os distorcidos paradigmas de qualidade que o norteiam atualmente.

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  2. É Guilherme, tenho de concordar com suas colocações a respeito da festa de entrega do Oscar. Esquecer Farrah Fawcett e a vitória absurda de Sandra Bullock, são somente dois absurdos dos mais evidentes. E concordo também quando diz que a vitória de "Guerra ao Terror" representa o fortalecimento de um tipo de cinema mais relevante, de ideologias e, por mais que eu tenha sérias ressalvas a visão de Bigelow, esta é uma vitória quase do artesanato do cinema. Não comungo da sua visão de que "Avatar" seja supervalorizado, gosto até bastante do filme de Cameron, mas não me furto o direito de apontar, também nele, fragilidades. Em minha opinião, o maior injustiçado deste ano foi Tarantino e seu pastiche delicioso "Bastardos Inglórios".

    Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário.
    Abraços

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  3. Olá, Celo!
    Confesso que somente seguirei assistindo as cerimônias do Oscar, por dois motivos:
    1 - Única premiação relevante do cinema mundial que tenho a possibilidade de ver;
    2 - Nossa tradicional aposta, o que tem sido o mais importante.


    Abraçossss

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  4. Este ano nossa aposta anual e preparação durante o grande dia foi, sem dúvida, muito melhor do que a cerimônia do Oscar. Que venha a próxima!!

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