domingo, 28 de fevereiro de 2010

Oscar 2010


No próximo dia 07 de março acontece a 82ª edição do Oscar, a festa mais famosa do cinema, a premiação que muitos acusam de politiqueira, mas que, queiram ou não, é muito importante, nem que seja para a vida comercial dos filmes. Neste ano são 10 os indicados na categoria de Melhor Filme. Alguns são somente figurantes nesta lista, outros coadjuvantes que podem roubar a cena, e ainda há os protagonistas declarados da festa do Kodak Theatre, os que estão verdadeiramente no páreo. Resolvemos fazer breves comentários a respeito dos indicados a Melhor Filme, desta festa marcada por muito glamour, vestidos e tapetes estendidos.
Clique no título para ver o trailer do filme.

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AMOR SEM ESCALAS (ler crítica)

Conrado: Talvez “Amor sem escalas” se torne outro azarão do Oscar. Alardeado como um dos favoritos, é um filme que pode sair sem qualquer prêmio – mas não deveria. A criação elogiável de Jason Reitman merece crédito pela dura crítica que abraça, assim como pelas mensagens extremamente pontuais – tudo isso encoberto no ar de comédia romântica leve que o filme carrega. O ótimo termo da língua inglesa, bittersweet, cabe bem para definir o filme.
Marcelo: O maior trunfo deste filme é o personagem interpretado com classicismo por George Clooney e suas ambiguidades. O roteiro, exemplar de um cinema mais falado, é também digno de elogios, bem como a, cada vez mais apurada, capacidade de Jason Reitman de fazer muito com pouco. O grande problema são as concessões que o filme faz do meio para o final, resultando na diminuição de sua força e originalidade.
Rafael: Um belo filme, com atuações excelentes, roteiro inteligente e um diretor promissor em seu comando. A atitude que toma o personagem interpretado por George Clooney em determinado ponto do filme, à muitos toma característica de erro, ou falha que, sob vista de minha opinião, tal episódio auxilia na humanização do ficcional, dada uma inserção de “aventura”, da busca do até então negado, em certas ocasiões inerente ao homem, mesmo o mais racional.

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AVATAR (ler crítica)

Conrado: “Avatar” proporciona um momento cinematográfico único e o filme merece todos os elogios e adjetivos que vem recebendo, como o mais recorrente, que o classifica como “revolucionário”. Se o roteiro falha pela obviedade e por retomar situações já utilizadas no cinema de aventura, seus problemas são superados pela riqueza visual do filme e destreza técnica de James Cameron. Ver o filme em 3D é uma experiência arrebatadora.
Marcelo: Visualmente é uma revolução. Comercialmente é um êxito sem precedentes. Como filme, apesar de certas inconsistências e obviedades é um exemplar muito empolgante, seja pela estética tão alardeada ou mesmo pela trama e seu desenrolar, que se não cativam pela originalidade, mostram a habilidade de James Cameron de contar uma boa, divertida e, porque não, reflexiva história.
Rafael: Lindíssimo. Produção que mostra, acima de tudo, que um estouro econômico pode ser cônjuge de mérito artístico. Peca no roteiro, mas Cameron, magistralmente, nos mantém em focos diferentes, semelhante ao sucedido em Titanic.

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BASTARDOS INGLÓRIOS (ler crítica)

Conrado: Tarantino continua ótimo nessa nova homenagem a um cinema que lhe é caro, e entrega uma obra singular dotada de maestria em seus mais diversos aspectos, com destaque para sua fotografia e elenco excepcional (Christopher Waltz e Mélanie Laurent merecem todas as láureas possíveis). Um dos melhores filmes do ano de 2009 é, sem dúvida, o maior e mais completo dentre seus concorrentes no Oscar.
Marcelo: Se o mundo e o Oscar fossem justos, este filme ganharia todas as mais importantes categorias do prêmio, com o pé nas costas. “Bastardos Inglórios“ é um poço de referências cinematográficas, representa a maturidade de Quentin Tarantino como realizador, traz um elenco afinadíssimo, é divertido, violento, trágico, faz bem para os ouvidos e ainda mostra, mesmo que diegeticamente, a vingança dos judeus contra Hitler! É o único grande filme dentre os dez concorrentes.
Rafael: O melhor, com corpos e corpos de distância dos demais. A estética do diretor norte-americano Quentin Tarantino funciona e como (!) no meio da guerra. Importante destacar que, apesar de basear sua estrutura no real, é ficcção e, como tal, tem a licença de contar uma história diferente da que o fato histórico escreveu. Estupendo.

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DISTRITO 9 (ler crítica)

Conrado: O único que não vi - ainda! Perdi no cinema e não pude pegar na locadora, mas não me prolongarei muito mais. Curiosidade pelo filme, ao menos, não me falta.
Marcelo: A ficção científica, tantas vezes vista como gênero menor, tem um ótimo representante entre os dez postulantes a melhor filme. Utilizando muito bem uma linguagem estruturalmente documental, e a segregação racial vista como reflexo pela maneira animalesca como os humanos tratam extraterrestres encalhados na Terra, o estreante Neill Blomkamp fez um dos filmes mais instigantes do ano, não livre de falhas, mas um ótimo exemplar de cinema, que se equilibra entre o texto e os subtextos, desde os mais óbvios indo até algumas sutilezas interessantes.
Rafael: Não vi, mas tenho muita curiosidade.

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EDUCAÇÃO

Conrado: Um drama bonito e agradável, com direção competente, atuações corretas (por vezes acima da média) e a descoberta de uma promissora estrela: Carey Mulligan. O roteiro, no entanto, se limita a reproduzir dilemas de tantos outros filmes semelhantes, tornando a produção uma bela história que, infelizmente, não possui a grandeza alardeada ou o pouco que seria necessário para torná-la memorável.
Marcelo: Um belo drama sobre o amadurecimento, sobre um tipo de educação sentimental que não se aprende na escola, e que até subverte alguns valores assimilados nela. Carey Mulligan (jóia descoberta) e Alfred Molina encabeçam um elenco afiado. O problema é que aqui tudo é muito certo, reto, faltam curvas, saliências no filme de Lone Scherfig. A diretora merece elogios pelo esmero em adicionar camadas aos seus personagens, mas peca pelo excesso de cálculo.
Rafael: Assisti os primeiros 50 minutos do filme, depois o cansaço aliado ao sono venceram minha resistência que se fazia presente, pois gostava do que até então via, apesar de algumas ressalvas.

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GUERRA AO TERROR (ler crítica)

Conrado: Kathryn Bigelow abdica de roteiro e direção convencionais para abordar a rotina de um esquadrão antibombas no Iraque. Pela inventividade e tensão que insere em seu filme, de tema atualmente comum a tantas outras produções, Bigelow merece toda a premiação e atenção que vem recebendo - e não me surpreenderia com vários carequinhas em suas mãos nas principais categorias do Oscar.
Marcelo: Alardeado como a oitava maravilha, como uma obra guia, no que tange o cinema, a respeito da guerra do Iraque, este filme tens seus méritos, mas não me cativou tanto quanto eu imaginava, ainda mais sendo eu um fã de filmes de guerra. As discussões ideológicas da diretora meio que se esvaem num desenvolvimento que limita nossa percepção, que nos coloca frente a um conflito que pouco se caracteriza. É um bom filme, está longe de ser ruim, mas falta-lhe um pouco de visão periférica.
Rafael: Não assisti, mas tenho certa curiosidade.

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PRECIOSA (ler crítica)

Conrado: Tyler Perry e Oprah Winfrey, dois dos maiores responsáveis pela produção melodramática realizada nos Estados Unidos (ele no cinema, ela na televisão), produzem este filme cheio de boas intenções aparentes e rios de lágrimas. Vale muito pelas atuações de Gabourey Sidibe e Mo’Nique, mas no geral é excessivo, pretensioso e tão melodramático quanto os demais trabalhos de Winfrey e Perry.
Marcelo: Senti certo distanciamento deste filme que vem causando furor por terras estrangeiras. A maneira com a qual o diretor Lee Daniel resolveu tirar um pouco o peso dos inúmeros problemas sofridos por sua protagonista, é ate engenhoso, mas não original, como muitos o estão celebrando. A trama, que fala sobre os problemas desta mulher, é de um exagero estilístico que beira o brega e de um artificialismo que faz dele um exemplar raso e galgado em lágrimas de crocodilo.
Rafael: Também não assisti, contudo, diferente dos anteriores, não pretendo o fazer em outra oportunidade. Sei lá, algo me diz e alguns me disseram, que não passa muito de um dramalhão.

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UM HOMEM SÉRIO

Conrado: O novo filme dos Coen impressiona com grandes personagens e momentos excepcionais, além de possuir um roteiro bastante inteligente - algo recorrente na filmografia dos irmãos. Mesmo assim a conexão com o universo em que a história se insere é difícil, já que o mesmo é imposto e não apresentado - o que, particularmente, me distanciou do filme. Todos os seus méritos não são suficientes para tornar o filme inteiramente bom.
Marcelo: Ótimos personagens, uma ambientação riquíssima e tudo para que os novos queridinhos da América, os irmãos Coen, entregassem mais um sucesso de crítica pós “Onde os Fracos Não Têm Vez”. O problema é que os Coen, às vezes, parecem ininteligíveis, e aqui eles são, afundando tudo de bom que eles conseguem construir como base. Os diretores relativizam o peso de tudo, e parecem criar um jogo meio insosso de dizer metafórico, pegando seu protagonista para Cristo numa tentativa de algo que eu, sinceramente, ou não captei direito ou não me disse muita coisa.
Rafael: Pessoal, estou me especializando na modalidade “Reduza um filme à 50 minutos”. Pois é, também assisti apenas as cinco dezenas iniciais dessa produção que se mostrou interessante, porém pouco ocorre. Talvez, veja, então inteiro, no futuro.

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UP - ALTAS AVENTURAS

Conrado: A grandeza da Pixar apenas se confirma com o espaço que “Up – Altas aventuras” conseguiu no Oscar: a melhor animação do ano também está entre os maiores filmes do ano. Personagens cativantes, uma história emocionante e o máximo de qualidade na animação tridimensional são os maiores ingredientes do filme (e cada vez mais parece que qualquer elogio para uma animação da Pixar é repetitivo). E que venha Toy Story 3!
Marcelo: A Pixar e suas criações. Parece impossível pensar em algum filme deles que não seja, no mínimo, ótimo. Neste, um início arrebatador, que fez com que este que vos escreve vertesse lágrimas, dada a profundidade da narração, a melancolia de uma história de amor que a morte interrompeu. A animação é de primeira, os personagens são ótimos e a aventura deveras empolgante. É para crianças, adultos, quem quiser. A Pixar e sua fantástica fábrica de filmes.
Rafael: Classifico como minha maior mancada do ano. Adoro a Pixar e não conferi seu filme lançado em 2009. Pior, ainda não conferi. Alguém disse que vai à locadora? Peraí...

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UM SONHO POSSÍVEL

Conrado: O azarão do Oscar parece ganhar cada vez mais espaço entre a crítica, já que o público foi conquistado pela produção – de apelo óbvio e fácil – há tempos. “Um Sonho Possível” é uma sucessão de convenções e lugares-comuns com uma mensagem de superação que extrapola no teor de auto-ajuda. Sandra Bullock, deslumbrante, apresenta uma atuação louvável, mas que não chega a ser uma das melhores do ano.
Marcelo: Não vi e, confesso, não tenho muito interesse, já que me parece mais do mesmo, ou seja, desperdício de tempo e dinheiro.
Rafael: Quase não tenho informações sobre, então, o interesse não se torna ainda possível. Sem chances de ganhar, bem como a maioria desta lista. As exceções? "Guerra ao Terror" e "Avatar".

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