Os anos 1990 são muito bem representados e retratados
por Denys Arcand em Amor e Restos Humanos,
filme de 1993, aliás, seu primeiro realizado na língua inglesa. Recheado de
obsessões, histerias e perversões, quase todas elas voltadas para o cenário
sexual, o longa contextualiza uma sociedade egoísta, assolada pela solidão,
pela dificuldade de viver os afetos e demonstrar sentimentos, repleta de
fraquezas.
Os personagens são a própria representação dos tais “restos
humanos”, o que sobrou da busca do amor ideal, da definição da sexualidade a
partir de padrões rígidos, moralistas e, até certo ponto, irreais. Surgem crises
existenciais de todo tipo, concomitantes ao inconsciente coletivo também
perturbado socialmente e devastado pelo início da AIDS. Arcand parece renovar
seu estilo em Amor e Restos Humanos.
Menos organizado, pouco filosófico, mais prático e dinâmico, exatamente como os
anos 1990 na América.
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Não importa o gênero, a orientação sexual, as taras,
todos em Amor e Restos Humanos
tateiam desorientados procurando algo a mais, uma satisfação que parece improvável
em meio à dificuldade dos relacionamentos ou mesmo frente aos perigos à
espreita, sejam eles virais ou humanos. O primeiro filme em inglês de Denys
Arcand se foca nas patologias típicas de uma urbanidade caótica, onde convivem personagens
essencialmente soturnos e noturnos à caça de algo que dê suporte às suas vidas
repletas de frustrações, desgostos, de um vazio mais geracional do que
particular.
A televisão é sintomática da desordem. Cada troca de
canal expõe uma desgraça diferente, mostra um mundo fraturado em sua ordem
social. O sexo é a via pela qual trafegam as mais diversas pulsões, isso visto
não apenas na figura da dominatrix (e sensitiva) que realiza as fantasias
alheias, mas também no serial killer,
no garoto fascinado pelo protagonista e, sobretudo, no próprio, alguém que
parece vagar mais do que qualquer outro, a despeito da aparente segurança. Amor e Restos Humanos radiografa muito
bem o início dos anos 1990 e seus insones em busca de afeto entre o que restou.
Muito bom! Fiquei com vontade de conferir. Grande abraço.
ResponderExcluirEdição é tudo nesta vida!!!! hehe
ResponderExcluirMarcelo, o cinema a dois tem sido ótimo! Em todos os sentidos.
Obrigada pela parceria, mesmo não sendo 50% 50% rsrs.
beijos
Heheheheehe
ResponderExcluirA edição é importante? É, claro, mas sem ideias a editar ela não serve de nada...hehe
Obrigado também pela parceria, Carol. Vida longa ao Cinema a Dois.
Beijoss